Sem as mobilizações de rua no último ano, especialmente o
#15M, 2020 seria um ano extremamente obscuro e estaríamos, agora, um passo
atrás, reféns da política educacional conduzida por um ex-deputado inexpressivo
que se tornou presidente.
Como foi que chegamos até aqui? Primeiro uma constatação.
O Brasil se tornou um país imprevisível. E essa
imprevisibilidade poderia ter tido consequências ainda piores se as
manifestações de 2019 não tivessem imposto alguns freios a retrocessos ainda
maiores nas políticas educacionais
É preciso explicar os governos Temer e Bolsonaro por suas
alianças. Temer presidiu o país graças ao apoio de forças ultraliberais e
ultrarreacionárias, com predomínio político dos primeiros. É a mesma aliança
que sustenta o atual governo, porém - no caso atual - a dominância política
cabe ao ultrarreacionarismo.
E tanto ultraliberais quanto ultrarreacionários promovem
ataques ao direito à educação. Os ultraliberais por não entenderem que é a
economia que deve servir ao povo. E os últimos, por conduzirem uma guerra
cultural.
Paulo Guedes e seus aliados não compreendem que não são as
pessoas que devem servir à economia (é a economia que deve servir às pessoas).
Obedecem a uma lógica de pensamento econômico em que o
Estado deve ser reduzido a qualquer custo, perdendo sua função estratégica e
social. Não falam de educação, saúde, mais empregos, distribuição de renda ou
de desenvolvimento econômico, que deve ser pautado na reindustrialização.
Apenas se ocupam da dívida pública, das taxas de inflação e de outros
indicadores de interesse do mercado financeiro — esfera em que são
comercializados os títulos públicos do país.
Em poucas palavras, os ultraliberais se limitam a debater
os problemas, sem apresentar soluções, em uma equação em que a maioria
esmagadora das pessoas não importa. Diante disso, se não ambicionam retomar a
agenda do desenvolvimento, como ensinou o saudoso Celso Furtado, estão ainda
menos dispostos a investir os recursos necessários para saldar a dívida do
Estado brasileiro com a educação de seu povo. Matéria completa no Uol.
Nenhum comentário:
Postar um comentário