Foto: Hélia Scheppa/ Acervo JC Imagem, Adriana Guarda
Produtores de leite de Pernambuco, que voltaram a enfrentar
os problemas trazidos pela seca, vão encaminhar documento ao governo Federal e
à bancada de parlamentares do Estado no Congresso Nacional na próxima semana,
solicitando apoio para manter a produção. Uma das principais preocupações do
setor é com o aumento dos custos de alimentação do rebanho, que encarecendo a
produção de leite. Uma das demandas será incentivo para a redução do preço de
milho comprado à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O presidente do Sindicato dos Produtores de Leite de
Pernambuco (Sinproleite), Saulo Malta, diz que antes a Conab subsidiava o frete
do milho e o preço da saca de 60 quilos ficava mais barato. "Nos anos de
seca mais braba a saca do milho foi vendida a R$ 17 e hoje está na casa dos R$
60, muito perto do valor encontrado no comércio, que é de R$ 75", compara.
Os produtores querem que seja adotada uma medida renovável
a exemplo do que o governo de Pernambuco fez com as operações internas do milho
em grão feitas pela Conab e Ceasa. A isenção de 100% do imposto foi concedida a
partir de 2012, quando a estiagem iniciada no ano anterior começou a se
prolongar e acabou se estendendo por sete anos consecutivos. "A medida foi
sendo prorrogada ano a ano e em março próximo vai vencer e vamos pedir
novamente. Se não fosse isso, o preço do saco de R$ 60 teria um acréscimo de
18% (do ICMS) e ficaria quase igual ao praticado no comércio (R$ 70,80)",
calcula Malta.
A proposta dos produtores é elaborar um documento relatando
a situação do setor e encaminhar ao Ministério da Economia, informando que o
animais já estão perdendo peso e com uma diminuição de produtividade de 40%. A
produtividade média de uma vaca no Brasil é de 6 litros de leite por dia,
enquanto em Pernambuco é de 14 litros por dia.
Além do milho, outras alternativas de alimento ao rebanho
também tiveram escalada nos preços. De acordo com os pecuaristas, o saco de 40
quilos do farelo de milho saltou de R$ 30/R$ 32 para R$ 48 e R$ 50; enquanto o
de farelo de soja saiu de R$ 67 para R$ 90. Isso sem falar na necessidade de
comprar água para os animais. Segundo o produtor e veterinário Washington
Azevedo, uma vaca leiteira bebe, em média, R$ 50 litros de água por dia. No
Agreste, o preço do carro-pipa varia de R$ 100 a R$ 150, dependendo do local
onde a água será entregue.
RESERVATÓRIOS
O valor tem subido porque a situação dos reservatórios
também é de escassez. Dos 75 reservatórios acompanhados pela Agência
Pernambucana de Água e Clima, 18 estão colapso. A Barragem de Jucazinho, que
tem grande importância para a região, está com 1,2% de sua capacidade.
Nos últimos anos, a seca fez vários produtores desistirem
da atividade e a debandada se mantém. Em 2018 eram 107 mil produtores e no ano
passado caiu para 106,5 mil. A bacia leiteira de Pernambuco também se caracteriza
por ser formada, em sua maioria, por pequenos e médios produtores. Do total,
83% são pequenos (com até 20 cabeças), 11% médios (entre 21 e 50 animais) e 6%
grandes (mais de 50 vacas).
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