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quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Confira a trajetória política de Eduardo Campos, morto em acidente aéreo

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O candidato do PSB à Presidência, Eduardo Henrique Accioly Campos, morreu na manhã desta quarta-feira (13) em um acidente aéreo em Santos, no litoral sul de São Paulo. Ele havia completado 49 anos no último dia 10 de agosto e fazia parte de um grupo político que integra a política pernambucana desde os anos 1950.
A aeronave partiu do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, com destino ao Guarujá (SP). O acidente aconteceu na região central de Santos e deixou dois passageiros mortos e sete feridos.
Economista formado pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), onde ingressou aos 16 anos, o político filiou-se ao PMDB em 1983 e começou sua militância como presidente do Diretório Acadêmico da faculdade em 1985.
Dois anos depois, após se formar, recebeu um convite para fazer mestrado nos Estados Unidos, mas optou por passar à política tradicional como chefe de gabinete de seu avô –o então governador do Estado Miguel Arraes (1916-2005)–, que conheceu apenas aos 14 anos, quando Arraes voltou do exílio.
Em 1990, Campos deixou o PMDB junto com o avô e filiou-se ao PSB, elegendo-se deputado estadual pelo partido, controlado em Pernambuco por seu clã político.
Foi ministro de Ciência e Tecnologia no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, mas deixou o cargo em 2005 para se lançar candidato ao governo de Pernambuco. Foi eleito no ano seguinte e reeleito com 83%, um dos maiores índices da história brasileira.
Por causa de sua linhagem política, chegou a ser rotulado de "coronel" em reportagem da revista britânica "The Economist".
"Isso só acontece quando alguém nasce por aqui [no Nordeste]", criticou Campos, em 2013, à revista "Época". "Nunca vi um rótulo desses num político carioca, paulista ou mineiro. Então lamento, porque é uma coisa desqualificando. Que maneira tenho de botar ordem aqui?"
ARTICULADOR
Tanto entre aliados como entre adversários Campos era tido como exímio articulador político. Durante a crise do mensalão, quando era ministro de Ciência e Tecnologia de Lula, o político pernambucano cogitou retomar o mandato de deputado federal para auxiliar o governo a estancar a crise.
Na Câmara dos Deputados, também foi conhecido por manter bom relacionamento com jornalistas.
O perfil conciliador de Campos teve reflexos na política pernambucana. Reaproximou seu partido do hora aliado, hora adversário senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).
CASAMENTO
Natural da capital pernambucana, Campos era filho de Ana Arraes, ministra do TCU (Tribunal de Contas da União), e do poeta Maximiano Campos (1941-1998). Ele considerava o escritor Ariano Suassuna, que morreu em julho deste ano, uma espécie de segundo pai, já que morava na casa em frente à do poeta e costumava seguir seus conselhos.
"É uma relação como a de um tio com seu sobrinho preferido", disse Suassuna sobre Campos à revista "Piauí", no primeiro semestre deste ano.
Campos era casado com a economista e auditora licenciada do Tribunal de Contas de Pernambuco Renata Campos, com quem teve cinco filhos –Maria Eduarda, João Henrique, Pedro Henrique, José Henrique e Miguel, nascido neste ano. O nome do filho mais novo é uma homenagem ao avô de Campos.
O casal se conheceu na infância, na casa de Suassuna –tio de Renata–, quando ele tinha 8 anos e ela, 6.
'NOVA POLÍTICA'
A aliança política de Campos com Marina Silva, na candidatura à Presidência, no ano passado, foi considerada uma grande jogada política, mas os índices das pesquisas eleitorais não refletiam o potencial que ele imaginara para a associação.
A dupla procurou encampar o discursa da "nova política", apesar de ambos terem feito parte da base aliada do governo de Lula –o PSB chegou a participar da gestão Dilma Rousseff, mas entregou os cargos no fim de 2013.
"Vamos ganhar a eleição, vamos unir o Brasil e vamos fazer o Brasil viver um novo ciclo de desenvolvimento", disse Eduardo Campos, em julho.
Confira a trajetória política de Eduardo Campos.
1983 a 1985 - Filiado ao PMDB, atua como presidente do Diretório Acadêmico da UFPE
1987 - Chefe de gabinete do então governador de Pernambuco, Miguel Arraes
1990 - Filia-se ao PSB e candidata-se a deputado estadual
1992 - Candidato à Prefeitura de Recife
1994 - Eleito deputado federal
1995 - Licencia-se do cargo de deputado federal para assumir cargo no governo de PE
1995 a 1998 - Secretário de Fazenda de Pernambuco
1999 a 2006 - Deputado federal (licencia-se em 2004 para assumir cargo no governo federal; renuncia em 2006 para assumir o governo)
2004 a 2005 - Ministro de Ciência e Tecnologia no governo Lula
2005 - Presidente nacional do PSB
2007 a 2013 - Governador de Pernambuco

2014 - Candidato à Presidência pelo PSB.

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