O reajuste do piso
salarial dos professores em 2016 é motivo de preocupação tanto para estados e
municípios, quanto para os docentes. De acordo com indicadores nos quais se
baseiam o reajuste, divulgados pelo Ministério da Educação (MEC), os salários
iniciais devem aumentar 11,36%, segundo a Confederação Nacional de Municípios
(CNM). Entes federados, no entanto, discordam do índice e calculam um aumento
de 7,41%.
“Não se trata de
discutir o que é justo, e sim o que é possível ser pago com as receitas municipais”,
diz o presidente da confederação, Paulo Ziulkoski, em nota divulgada nessa
quarta-feira (30). “Com certeza, os professores merecem reajustes maiores, mas
não se pode aceitar a manipulação de informações para gerar reajustes acima da
capacidade de pagamento dos governos”, conclui.
O piso salarial dos
docentes é reajustado anualmente, seguindo a Lei 11.738/2008, a Lei do Piso,
que vincula o aumento à variação ocorrida no valor anual mínimo por aluno
definido no Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
O piso é pago a
profissionais em início de carreira, com formação de nível médio e carga
horária de 40 horas semanais. Segundo a CNM, o governo federal estimou a
receita do Fundeb em valor maior do que ela efetivamente foi, aumentando o
percentual do reajuste.
Os trabalhadores
discordam. “Ficou demonstrado que não há argumento técnico que justifique a
redução da porcentagem de 11,36%. Apesar da crise que está colocada, a
arrecadação do Fundeb foi mantida. Temos abertura para pensar em uma fórmula de
cálculo, mas não agora para 2016, podemos pensar para 2017”, diz a
secretária-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, Marta
Vanelli.
Ela lembra que para ter
o direito garantido, em 2015, os professores entraram em greve em diversos
estados e municípios, porque não tiveram os salários pagos devidamente.
O reajuste é discutido
desde o final de novembro, quando foi instalado o fórum permanente para
acompanhar a atualização do valor do piso salarial nacional para os
profissionais do magistério público da educação básica. Foram feitas duas
reuniões até o fim do ano. A intenção era que o grupo, formado por
representantes dos estados, municípios e dos docentes, além do MEC, chegasse a
um acordo sobre o reajuste, o que não ocorreu.
Segundo o presidente do
Conselho Nacional de Secretários de Educação, Eduardo Deschamps, os entes
federados pediram uma manifestação oficial da Secretaria do Tesouro Nacional e
do MEC sobre os dados divulgados, para que a arrecadação e o reajuste do piso
sejam reanalisados. “Há uma preocupação com a aplicabilidade do novo piso e que
isso leve a uma tensão entre professores e estados que prejudique o andamento
do ano letivo”, diz.
O ministro da Educação,
Aloizio Mercadante, tem se mostrado preocupado com a questão. Em novembro, o
ministro disse que piso teve um reajuste acima da inflação, de 45%, desde 2011.
"Esse crescimento não tem sido acompanhado do aumento da receita dos
estados e municípios, principalmente em um momento como esse. Precisamos chegar
a um entendimento em relação ao ritmo de crescimento. Tem que continuar
crescendo em termos reais, compatível com a receita de estados e
municípios", afirmou.
O piso salarial subiu de
R$ 950, em 2009, passou para R$ 1.024,67, em 2010, e chegou a R$ 1.187,14, em
2011. Em 2012, o valor era R$ 1.451. Em 2013, o piso passou para R$ 1.567 e, em
2014, foi reajustado para R$ 1.697. Em 2015, o valor era R$ R$ 1.917,78. O
maior reajuste foi registrado em 2012, com 22,22%.
Apesar dos aumentos,
atualmente, os professores ganham cerca de 60% dos demais salários de outras
carreiras com escolaridade equivalente. “Se o Brasil quiser atrair os melhores
alunos, tem que melhorar os salários dos professores”, defende a presidente executiva
do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz.
“Na minha opinião, saúde
e educação não deveriam ter cortes. Pensando que vamos ter um ano dificílimo,
não garantir um aumento para os professores é criar um clima muito ruim, com
possibilidade de greve e isso é catastrófico”, acrescenta.
A melhora do salário dos
professores faz parte do Plano Nacional de Educação (PNE), lei que prevê a
metas para a melhoria da educação até 2024. Até 2020, os docentes terão que ter
rendimento equiparado ao dos demais profissionais com escolaridade equivalente. (Último Segundo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário