Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil
Durou pouco mais de uma
hora e meia o depoimento do pastor Silas Malafaia, da igreja Assembleia de Deus
Vitória em Cristo, hoje (16) na Polícia Federal, em São Paulo. Malafaia foi
levado coercitivamente para depor, durante a Operação Timóteo, deflagrada pela
Polícia Federal, que investiga irregularidades em cobranças de royalties da
exploração mineral.
O pastor chegou à sede
da Superintendência da Polícia Federal por volta das 16h e deixou o local pouco
antes das 18h. Ele parou para falar com jornalistas ao chegar e ao sair do
local.
Ao deixar a
superintendência, ele disse ter esclarecido ao delegado da Polícia Federal que
não praticou irregularidades. O pastor confirmou que recebeu um cheque no valor
de R$ 100 mil em sua conta pessoal. Mas informou que esse cheque foi recebido
por meio de uma oferta pessoal por ter orado para um empresário e que, só
agora, soube que o doador está envolvido em irregularidades e é investigado na
operação. Malafaia disse que conheceu o empresário por meio de seu amigo e
também pastor Michael Abud.
“Foi tudo esclarecido. O
delegado, muito competente, perguntou tudo o que tinha direito. Eu respondi
tudo”, disse Malafaia. “Sou suspeito de usar contas da minha instituição?
Lembrei-me de ter recebido a visita de um amigo meu, de 20 anos, que levou um
membro dele [o empresário] para fazer uma oferta, e eu vou desconfiar que o
cara está envolvido? Nem ele, o pastor Michael Abud, sabe do envolvimento desse
cara, tenho certeza”. Segundo Silas Malafaia, é muito difícil para as
organizações e entidades religiosas saber se a origem do dinheiro de doações é
ilegal.
Malafaia disse que vai
esperar o final das investigações para analisar o que fará sobre o fato de ter
sido alvo da operação. “Vou até o final, porque quem é, amanhã, que vai me dar
toda essa mídia se encerrar [a investigação] e vocês falarem: 'olha, pastor,
encerraram e não tem nada contra o senhor'? Eu vivo de conceito da opinião
pública. Vivo disso. Recebo ofertas de milhares e centenas de milhares das
pessoas. E quem é que vai recuperar isso? Quem é que vai recuperar o dano que
está me causando, e quem vai recuperar a minha honra?”
Indagado por jornalistas
se não seria, então, o caso de devolver o dinheiro, de fonte ilegal, que foi
depositado em sua conta, Malafaia respondeu: “Se, de fato, é um dinheiro
ilícito, é claro que eu devolveria. Não preciso de roubo”. No entanto, ele
acrescentou que não teria como devolver um dinheiro, fruto de doação, se ele
não sabe a origem do dinheiro. “Vou devolver o que, se recebi uma oferta?
Ninguém devolve oferta. Você recebe as ofertas e não sabe quem é o cara que dá.
Se a Justiça mandar eu devolver um valor, eu vou devolver.”
Exaltado, o pastor
reclamou de ter sido conduzido coercitivamente para depor hoje. “Aonde vai o
Estado Democrático de Direito? Nem na ditadura fizeram isso contra um cidadão.
Estou indignado, sou um cidadão. Quer dizer que jogam o nome da pessoa na
lama?”, questionou.
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