Paula Laboissière - Repórter da Agência Brasil
A Polícia Federal (PF)
deflagrou hoje (16) a Operação Timóteo, com ações em 11 estados e no Distrito
Federal. Estão sendo realizadas buscas e apreensões em 52 endereços
relacionados a uma organização criminosa investigada por esquema de corrupção
em cobranças judiciais deroyalties da exploração mineral.
Além das buscas, 300
policiais cumprem ainda 29 conduções coercitivas, quatro mandados de prisão
preventiva, 12 mandados de prisão temporária, sequestro de três imóveis e
bloqueio judicial de valores depositados que podem alcançar R$ 70 milhões. As
ações ocorrem na Bahia, no Distrito Federal, em Goiás, Mato Grosso, Minas
Gerais, no Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, em Santa Catarina,
Sergipe e no Tocantins.
Segundo a corporação, a
Justiça Federal determinou também que os municípios envolvidos se abstenham de
realizar quaisquer ato de contratação ou pagamento aos três escritórios de
advocacia e consultoria sob investigação.
As provas recolhidas, de
acordo com a PF, devem detalhar como funcionava o esquema em que um diretor do
Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), "detentor de informações
privilegiadas a respeito de dívidas de royalties", oferecia os
serviços de dois escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria a
municípios com créditos em empresas de exploração mineral.
Até onde a Polícia
Federal conseguiu mapear, a organização criminosa investigada se dividia em
pelo menos quatro grandes núcleos:
- o núcleo captador,
formado por um diretor do DNPM e sua esposa, que fazia a captação de prefeitos
interessados em ingressar no esquema;
- o núcleo operacional,
composto por escritórios de advocacia e uma empresa de consultoria em nome da
esposa do diretor do DNPM, que repassava valores indevidos a agentes públicos;
- o núcleo político,
formado por agentes políticos e servidores públicos responsáveis pela
contratação dos escritórios de advocacia integrantes do esquema;
- e o núcleo
colaborador, que se responsabilizava por auxiliar na ocultação e dissimulação
do dinheiro.”
“Entre uns dos
investigados por esse apoio na lavagem do dinheiro está uma liderança
religiosa, que recebeu valores do principal escritório de advocacia responsável
pelo esquema. A suspeita a ser esclarecida pelos policiais é se esse líder
religioso pode ter 'emprestado' contas correntes de uma instituição religiosa sob
sua influência, com a intenção de ocultar a origem ilícita dos valores”.
A Operação Timóteo teve
início em 2015, quando a então Controladoria-Geral da União enviou à PF uma
sindicância que indicava incompatibilidade na evolução patrimonial de um dos diretores
do DNPM. Apenas essa autoridade pública pode ter recebido valores que
ultrapassam os R$ 7 milhões.
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