O início de abril tem
sido de satisfação para as famílias rurais do município de Serra Talhada, no
Sertão do Pajeú (PE). Além das chuvas que estão chegando à região, uma
tecnologia tem contribuído para o armazenamento maior das águas: são os Tanques
de Pedra, também chamados de caldeirões, construídos pela ONG Diaconia a partir
do projeto Pernambuco Mais Produtivo.
A tecnologia aproveita
as áreas de serra ou onde existem lajedos. São fendas largas, barrocas ou
buracos naturais, normalmente de granito, que funcionam como área de captação
da água de chuva. O volume de água armazenado vai depender do tamanho e da
profundidade do tanque. Para aumentar a capacidade, são erguidas paredes na
parte mais baixa ou ao redor do caldeirão natural, que servem como barreira
para acumular mais água.
Diferente das cisternas,
que atendem a cada família, o tanque de pedra é uma tecnologia de uso
comunitário. A água armazenada é utilizada para o consumo dos animais,
plantações e os afazeres domésticos de quem mora em seu entorno.
O agricultor Raimundo
Alves de Barros Filho, conhecido como Buda, é um dos mais satisfeitos. Morador
da comunidade Fazenda São Miguel, em Serra Talhada, ele teve o primeiro tanque
de pedra construído num período de cinco dias.
“A comunidade acabou de
ganhar a tecnologia, e ela vem beneficiar a questão da água, pois estamos
sofrendo muito aqui, com poço secando, o açude seco há mais de seis anos. Acho
que o tanque de pedra é um dos benefícios melhores que a gente pode receber,
até porque não vai ter impacto nenhum no meio ambiente, pois aproveitamos o
lajeiro, que é uma coisa que já tem na natureza, e aí está se formando um
tanque em cima, que não vai desmatar. Vai favorecer a várias pessoas na região,
e devemos abraçar com muito carinho”, afirma seu Raimundo.
Segundo o coordenador do
projeto, Salomão Jalfim, até o momento foram encontrados locais para 12 tanques
no município de Serra Talhada, uma busca que é mais lenta pela distância das
comunidades e pela disponibilidade de solo para instalação do reservatório.
“Este tanque está totalmente cheio, já chegou a sangrar. Estimamos que armazene
aproximadamente 400 mil litros de água, e por sinal é um dos menores
construídos por nós”, afirma o coordenador.
Dentre as orientações
que as famílias já estão atentas, está o uso consciente da água, mesmo com a
maior capacidade de armazenamento: “Essa água vai ser utilizada para o banho,
lavar roupa, dar de beber aos animais, e para a pequena irrigação, por isso tem
que ter muito cuidado pra economizar. Temos muitos animais soltos na região, e
dependem dessas águas, pois não tem poços”, conclui o agricultor.
O programa Pernambuco
Mais Produtivo é desenvolvido através da Secretaria de Agricultura e Reforma
Agrária (SARA) do Governo do Estado de Pernambuco, com apoio da Articulação
Semiárido Brasileiro (ASA) e realização das organizações: Diaconia, Dioceses de
Caruaru e Pesqueira e Centro de Educação Comunitária Rural (Cecor).
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