SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (5), em entrevista à rádio Arapuan, da
Paraíba, que o senador Aécio Neves (PSDB) e o presidente Michel Temer (PMDB) “estão
provando do veneno que produziram neste país”. “Estão colhendo tempestade
porque plantaram vento. Este país está com clima de ódio, intolerância, porque
eles criaram desde 2013, culpando o PT. Essa gente não tem competência, não
sabe o que fazer, não conhece de povo e qualquer coisinha é cortar. Corta só no
pobre. E no rico não cortam nada”, continuou.
A entrevista foi transmitida ao vivo na rede social de
Lula -até as 19h, o vídeo havia sido visualizado 136 mil vezes. Lula também
associou as manifestações de 2013 e o impeachment da ex-presidente Dilma
Rousseff (PT) a um suposto interesse dos Estados Unidos em desestabilizar o
Brasil. “Sempre tive muitas dúvidas em relação à movimentação de 2013. Era uma
manifestação que tinha muitos interesses, o principal afastar o PT do governo.
Acho que tem muita gente grande interessada em desestabilizar o Brasil”, disse.
“O Brasil tinha virado protagonista internacional. Era o país que tinha acabado
com a fome, incluído os pobres no orçamento da União, que teve a maior ascensão
da primeira década do século 21 no mundo… Nenhum país conseguiu fazer o que o
Brasil fez em apenas 12 anos. Acho que tinha interesse americano que o Brasil
não desse certo. É um “achômetro”. Não tenho prova nenhuma.”
Sobre 2018, Lula ressaltou a necessidade de que o próximo
presidente seja eleito pelo voto. “Só uma pessoa eleita democraticamente pelo
voto vai ter credibilidade para propor as mudanças que o Brasil precisa”,
afirmou. Ele disse que sonha em construir “um bloco de esquerda progressista
com PSB, PDT, PCdoB e personalidades dignas que existem nos outros partidos”. “Primeiro
vamos ver se sou candidato, se o partido vai me lançar. Se o partido tomar a
decisão, vamos começar a conversar. Vamos construir uma aliança política com
base num compromisso programático para o Brasil. Tenho vontade de voltar a ser
presidente para cuidar desse povo. A palavra não é governar, é cuidar. O rico
não precisa do governo.”
O ex-presidente também aproveitou para criticar a Lava
Jato e as delações premiadas. “Sou um defensor do estado de direito
democrático. Não pode por conta de delação já culpar porque tem muito delator
mentindo. Os procuradores da Lava Jato se comprometeram com mentiras e agora
não têm o que entregar. No meu caso já provei minha inocência, estou querendo
que provem minha culpa.” Lula ainda condenou o ajuste fiscal e defendeu que o
Estado volte a ser “indutor da economia”. “É preciso acabar com essa bobagem
que o Estado tem que ser fraco. No mundo desenvolvido todos os Estados são
fortes. Somente onde são fracos o governo não arrecada nada”, disse. “Sou
favorável que o governo não gaste o que não tem, mas o governo tem capacidade
de endividamento e, no caso de fazer investimento, pode se endividar para fazer
obra de infraestrutura e o país voltar a crescer.”
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