O aumento nos impostos PIS e Cofins cobrados sobre combustíveis, anunciado na quinta-feira (20) pelo governo, não deve afetar apenas a conta paga nos postos de gasolina. Outros produtos de diferentes áreas também podem ser impactados pela medida.
De acordo com André Braz, economista da FGV, a alta nos
impostos dos combustíveis tem o poder de influenciar até mesmo com os
alimentos.
“Vamos ter um impacto direto no IPCA [índice nacional de
preços ao consumidor]. Por outro lado, teremos um impacto indireto nos produtos
de gondola e até em passagens de ônibus e fretes”, disse Braz.
No aumento mais significativo, o governo dobrou a
alíquota sobre o litro de gasolina: de 38 centavos para 79 centavos por litro.
“Surpreendeu todo mundo. É mais do que dobrar”, afirmou Braz. O objetivo é
gerar uma arrecadação extra de 10,4 bilhões de reais neste ano para cobrir o
rombo nas contas públicas.
Honório Pinheiro, presidente da CNDL (Confederação
Nacional de Dirigentes Lojistas), ressalta que o aumento impacta “no transporte
de matérias primas e de produtos industrializados, o que inevitavelmente acaba
recaindo sobre o bolso do consumidor final”.
Já Telêmaco Genovesi, sócio e gestor do Grupo GGR, prevê
que o impacto pode não ser imediato, mas que ainda será sentido. “Esse custo
será repassado na inflação nos próximos meses, portanto, ainda sentiremos os
efeitos desse aumento no futuro”, afirmou.
Na noite de quinta-feira, Temer disse que a decisão
anunciada pelo governo de aumentar os impostos está em linha com a
responsabilidade fiscal e será bem
compreendida pela população.
Em nota, a ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados)
repudiou a decisão do governo e disse que “esse acréscimo no valor dos
combustíveis terá reflexo em toda a cadeia de abastecimento e irá penalizar
todos os setores da sociedade”.
Previsão de inflação sobe
A FGV/IBRE prevê que o aumento dos impostos sobre o
combustível terá um peso de 0,4 ponto percentual na inflação. Isso, porém, não
é motivo para um temor, de acordo com Braz.
“Com esse impacto, o IPCA [Índice de Preços ao Consumidor
Amplo] deve fechar em algo como 3,30%, 3,50%… Deve ficar quase um ponto
percentual abaixo da meta [que é de 4,5% para 2017]. Ainda temos uma folga
mesmo com impactos dessa magnitude”, disse o economista.
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