Passados seis meses das mudanças nas regras do rotativo do cartão de crédito e com sucessivas quedas na taxa básica de juros, a Selic, o brasileiro que precisou recorrer a esse instrumento não chegou a pagar metade do que desembolsa em juros antes da mudança.
Levantamento feito pelo aplicativo de controle financeiro
GuiaBolso mostra que com as novas regras o peso dos juros ficou 41% menor do
que era antes.
Entre abril e setembro deste ano (com as mudanças no
cartão), o valor pago em juros pelos 524 mil usuários da plataforma foi de R$
30,38 por mês. Se olhar para o período imediatamente anterior às mudanças,
entre outubro de 2016 e março de 2017, os consumidores gastaram R$ 51,67 em
juros em média.
O rotativo é acionado quando o cliente paga qualquer
valor entre o mínimo da fatura e o total. Em março, o Conselho Monetário
Nacional (CMN) determinou um limite de uso do rotativo: 30 dias. Passado o
período, haverá uma migração automática para o parcelado do cartão, que também
tem um juro alto, embora menor do que o do rotativo, de 397,4% ao ano, segundo
o Banco Central. O rotativo continua a mais cara linha de crédito.
A Selic, taxa básica de juros da economia e referência
tanto para investimentos, sobretudo em renda fixa, como para os juros do
crédito, caiu 4,75 pontos porcentuais de janeiro a setembro deste ano. Essa
queda poderia ter ajudado os juros a caírem mais, sobretudo após as mudanças,
explica Mauricio Godoi, especialista em crédito e professor da Saint Paul
Escola de Negócios.
Na prática, se a Selic saiu dos 14,25% vistos no ano
passado e pode chegar a 7% no fim do ano, o custo do dinheiro entre os bancos
caiu a metade, mas a mesma proporção não foi repassada para os clientes. “Os
juros dos investimentos vão caindo consideravelmente mas os juros do cartão não
acompanham”, critica Godoi.
Ele explica que o descompasso ocorre principalmente por
causa do risco de inadimplência, que na modalidade está em 39,2%, de acordo com
o Banco Central. Por isso, mesmo com as novas regras do cartão de crédito, as
condições para quem recorre a esse tipo de dívida continuam difíceis.
O valor mensal pago no parcelado do cartão, modalidade
para onde vai consumidor que fica por mais de 30 dias no rotativo, aumentou 3%,
segundo o estudo do GuiaBolso.
Antes das novas regras, os usuários gastavam, em média,
R$ 388,42 mensais para pagar as dívidas do cartão de crédito. Com as mudanças,
esse valor subiu para R$ 400,02. “Se tiver com o nome limpo, é melhor recorrer
ao crédito consignado ou ao crédito pessoal, que é ainda mais barato”,
aconselha Godoi.
Via Diario de Pernambuco
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