A violência registrada do lado de fora da sede do Congresso da Argentina por enfrentamentos entre grupos de manifestantes e a polícia se agravou nesta segunda-feira (18) durante a sessão que discute a polêmica reforma da Previdência no país proposta pelo governo.
Segundo o jornal Página 12, por volta das 18h (19h
em Brasília) o saldo era de 81 feridos. De acordo com o Ministério da Saúde do
país, mais de 60 pessoas foram atendidas em hospitais.
A situação chegou a tal ponto que, apesar da determinação
de que a segurança no entorno do Congresso caberia somente à polícia de Buenos
Aires, o contingente não foi suficiente e decidiu-se pela intervenção de
agentes da Polícia Federal e da Gendarmaria, uma força de natureza militar que
responde diretamente ao Executivo nacional.
Antes do início da sessão, às 14h locais (15h em
Brasília), manifestantes convocados por organizações sociais e sindicais
atiraram pedras e garrafas contra os policiais. Também lançaram rojões e fizera
barricadas com as grades que cercam o Palácio Legislativo. Depois disso, a
polícia começou a disparar balas de borracha e a usar gás de pimenta.
Os incidentes ocorrem depois que, na quinta-feira passada
(14), quando o projeto seria discutido em outra sessão, houve um enfrentamento
entre gendarmes e manifestantes que deixou dezenas de feridos e vários detidos.
Sessão tensa
Enquanto a violência aumentava do lado de fora do
Congresso, deputados de oposição pediam a suspensão da sessão. “Pedimos que
reflitam. É uma situação grave, gravíssima. Tomemos a decisão de suspender esta
sessão como forma de evitar a violência na Argentina”, disse o deputado
opositor Agustín Rossi, da coalizão kirchnerista Frente para a Vitória.
O pedido para suspender a sessão também ganhou o apoio de
alguns aliados de Macri, como a deputada governista Elisa Carrió, da coalizão
do presidente. Ela, no entanto, fez ressalvas sobre a organização das
manifestações contra a reforma da previdência.
“Eu pedi a suspensão da sessão, mas peço que todas essas
manifestações e o que está ocorrendo do lado de fora seja observado pelo
promotor penal e pelo juiz que está lidando com a conspiração institucional”,
disse a deputada.
“Estamos fazendo discurso entre nós e lá fora há uma
batalha campal”, alertou a deputada Cecilia Moreau, do partido Unidos por uma
Nova Argentina.
“O que vemos é a resposta repressiva do governo frente a
alguns grupos. Estamos vendo agentes sem identificação arrastando pessoas pelas
ruas. A responsabilidade é do presidente da nação, Maurício Macri”, afirmou o
deputado Guillermo Carmona, do partido Frente para a Vitória.
No entanto, o presidente da Câmara, Emílio Monzó, da
coalizão Cambiemos, base da administração Macri, decidiu manter a sessão e às
19h (20h em Brasília) o texto começou a ser discutido.
O Cambiemos conseguiu o quórum de pelo menos 130
parlamentares para a sessão, após um um acordo que incluiu o apoio do partido
Justicialistas, do bloco radical, e de governadores de 11 províncias, como
Missiones, Córdoba, Chaco, Tucumán e Entre Ríos.
Um dos principais pontos do projeto é a mudança da
fórmula para calcular os reajustes das aposentadorias. Segundo o governo, a
reforma permitirá que os aposentados ganhem mais em 2018. A oposição e os
sindicatos discordam do governo, alegando que haverá cortes nos setores mais
vulneráveis.
Fonte: Agência Brasil
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