No rastro da crise de violência que se espalhou pelo Brasil, transportar valores nunca foi tão perigoso. Os órgãos de segurança registraram um aumento de 58% no número de ataques a carros-fortes no ano passado, em comparação com 2016: foram 108 casos — um a cada três dias.
Os dados são de relatórios internos do setor de
transporte de valores, que informam as ocorrências às autoridades policiais. Os
documentos apontam que 90% das ações dos bandidos são feitas por meio do uso de
explosivos contrabandeados ou desviados da atividade de exploração mineral. Em
dois anos (até setembro de 2017), 85,3 toneladas de explosivos clandestinos
foram apreendidas no país em operações federais. O Rio de Janeiro está no topo
desse ranking.
As dinamites são usadas para romper o cofre onde é
guardado o dinheiro (numerários, no jargão dos vigilantes). Além dos
explosivos, as quadrilhas têm sido presas portando armamentos de guerra, como
fuzis AR-15 e AK-47.
Nos ataques, os veículos blindados geralmente ficam
completamente destruídos por causa das explosões e das rajadas de bala. Os
vigilantes responsáveis pelo transporte também ficam feridos, mas não há
registros do número de vítimas. Cada carro-forte custa em média R$ 200 mil.
Somente em 2016, as empresas transportadoras tiveram prejuízo de R$ 400
milhões.
Outro tipo de ataque, ainda mais cinematográfico, é
aquele feito contra bases de valores, que abastecem as agências bancárias.
Entre 2016 e 2017, as transportadoras registraram 11 casos.
— São ações de grande proporção, espetaculosas, que
colocam as populações em pânico. São quadrilhas que usam metralhadoras .50
(mais potentes que os fuzis e capazes de derrubar helicópteros) e explosivos,
derrubam muros e explodem tudo o que há pela frente, detalha o presidente da
Associação Brasileira de Transporte de Valores (ABTV), Ruben Schechter. (O Globo)
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