Luís Jorge Natal – Blog Os Divergentes/Blog do Magno
Não, o Jair Bolsonaro não é candidato a presidente da República porque é das Forças Armadas. Existe uma parcela minoritária do eleitorado que tem saudades da ditadura militar; outra não viveu essa época, mas acredita em relatos edulcorados de quem louva o regime autoritário. Soma-se a essa saudade, misturada com ignorância, a raiva que a população hoje devota à classe política. O sentimento é este, mais do que desprezo. E é muito perigoso, já que provoca a total cegueira política. Os jovens e desinformados devem aprender que, na ditadura, também houve corrupção, contrabando, tráfico de drogas, má gestão e políticas públicas danosas aos cofres públicos. E devem saber também que havia tortura, assassinatos, desaparecimentos e uma censura total aos meios de comunicação.
Os saudosistas que apoiam esta candidatura maluca omitem
um fato importante: ele só é candidato porque vivemos numa democracia. No
regime militar, as escolhas eram feitas pelos comandantes – generais,
almirantes e brigadeiros. Nenhum subalterno era ouvido. Ora, um capitão, como é
o caso, seria, no máximo, um ajudante de ordens, um carregador de pasta, um
abridor de portas. General nenhum daria cabimento a um capitão; é assim na
hierarquizada rotina da caserna.
Então, está claro que a candidatura só é possível por
causa da democracia. Ele não está disputando por ser militar, mas por ser
deputado. É assim que é. Deputado há 28 anos, isso mesmo: 28 anos. Sempre
eleito com o discurso belicista de extermínio da bandidagem. Ora, ele é
representante de um Estado, o Rio de Janeiro, onde a marginalidade é mais
ostensiva, ocupa o vácuo deixado por governos corruptos e ineptos. Apurem,
vejam quantos desses governantes, alguns presos, contaram com o apoio do
deputado. O sujeito não sabe cuidar da sujeira no próprio quintal e quer
ensinar a limpar a casa inteira. Onde ele estava enquanto o Estado era
saqueado? Nada sabe, nada viu? É, no mínimo, incompetência. Não há, nas
propostas do candidato, nada parecido com o humanismo ou a preocupação com o
próximo. Tudo nele representa atentados aos marcos civilizatórios.
Como cidadão, em pleno exercício dos direitos políticos,
pode ser candidato. Mas só o é porque vivemos numa democracia, que não pode
correr riscos por parte de quem não a defende. E saibam: ele não é o candidato
das Forças Armadas. Representa a si e a minoritárias forças reacionárias,
retrógradas e protofascistas. É candidato porque tem verba de gabinete,
auxílio-moradia e passagens pagas. É candidato porque deixou a carreira militar
pela metade para ser deputado, repita-se, há 28 anos. Exerce o mandato num
ambiente que permite divergências, o contraditório, para louvar a barbárie, a
tortura.
Por mais críticas que a política mereça, não há solução
pacífica fora dela. E é por isso que o deputado tem que ser derrotado. A
transparência política tem que servir como luz do sol para mostrar quem ele é o
que e representa. É importante também destacar que essa candidatura não pode
ser o escoadouro das insatisfações, frustrações, decepções e raiva dedicadas ao
ex-presidente Lula e ao PT. Derrotar o deputado é preservar a democracia. Só o
voto pode evitar a eclosão dos ovos da serpente.
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