Importantes segmentos da economia já contabilizam, ou
estimam, perdas superiores a R$ 34 bilhões nos oito dias da greve dos
caminhoneiros completados na segunda-feira (28). Só a cadeia produtiva da
pecuária de corte deixou de movimentar entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões,
informa a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de carnes (Abiec).
Segundo a entidade, das 109 unidades de produção, 107 estão
paradas e duas operam com 50% da capacidade. Há 3.750 caminhões parados nas
estradas com produtos perecíveis prestes a vencerem. No segmento de frangos e
suínos o prejuízo acumulado é de R$ 3 bilhões e 64 milhões de aves já morreram,
diz a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Há riscos de morte de 1
bilhão de aves e de 20 milhões de suínos.
Na segunda, a Confederação da Agricultura e Pecuária do
Brasil (CNA) enviou ao governo ofício pedindo urgência e prioridade para a
escolta de veículos que transportam produtos perecíveis, animais e rações.
"Há perdas que poderão ser recuperadas, mas outras
não", diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil
(Abit), Fernando Pimentel. Ele estima em até R$ 1,7 bilhão a perda de
faturamento líquido do setor, que tem 90% das empresas com dificuldades
operacionais.
No comércio varejista, a Fecomércio estima que, mantida a
paralisação, as perdas diárias em vendas em todo o País podem chegar a R$ 5,4
bilhões. Os distribuidores de combustíveis deixaram de faturar perto de R$ 8
bilhões desde o início da greve, calcula a Plural, associação das empresas do
setor.
No setor da construção civil há várias obras paralisadas,
informa José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da
Construção (CBIC). Estimativa indica que o setor deixou de gerar R$ 2,9
bilhões. "A falta de concreto é o maior problema no momento".
A indústria farmacêutica acumula em oito dias prejuízos de
R$ 1 6 bilhão. Nelson Mussolini, presidente do Sindusfarma, alerta ainda para a
dificuldade de acesso da população aos medicamentos "o que pode trazer
consequências indesejáveis".
As perdas da cadeia do leite chegam a R$ 1 bilhão, segundo
a Associação Brasileira de Laticínios. A cifra inclui 300 milhões de litros de
leite descartados.
A indústria automobilística, que tem a maioria das fábricas
paradas desde sexta-feira, 25, não divulgou prejuízos. Cálculos com base na
média da produção diária indicam que 25 mil veículos deixaram de ser produzidos
em dois dias, mas grandes fabricantes como GM, VW e Ford estão paradas há mais
tempo.
Paralelamente às perdas da indústria e do comércio, o Instituto
Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) indica que R$ 3 86 bilhões
deixaram de ser arrecadados em tributos. "Isso tem reflexo nas contas
públicas, pois o orçamento já conta com essa arrecadação para dar andamento a
projetos, folha de pagamentos, investimentos, etc", diz o coordenador do
estudo, Gilberto Luiz do Amaral. Para a economia, diz ele, deixaram de ser
movimentados mais de R$ 26 bilhões. As informações são do jornal O Estado de S.
Paulo. (Agência Estado)
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