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terça-feira, 28 de agosto de 2018

Americanos criam retina capaz de levar imagens dos olhos ao cérebro


Foto: Reprodução/Internet (Foto: Reprodução/Internet)

O enfrentamento à cegueira pode ganhar uma ferramenta inovadora. Pesquisadores americanos desenvolveram uma retina ultrafina que tem uma matriz de sensores capaz de reproduzir todo o ciclo de geração de imagens. O dispositivo, composto por produtos como grafeno e finas camadas de ouro, foi testado em animais, com resultados promissores. Ele ainda é flexível e biocompatível, o que, segundo os criadores, aumenta as expectativas de que resultados semelhantes sejam alcançados em humanos. Detalhes do protótipo usado no experimento e das próximas etapas do trabalho foram apresentados no 256º Encontro Nacional e Exposição da Sociedade Americana de Química, realizado neste mês, em Boston, nos Estados Unidos. Foi o que informou o Correio Braziliense.

Doenças como degeneração macular, retinopatia diabética e retinite pigmentosa podem danificar ou destruir o tecido da retina, levando à perda total ou parcial da visão. Implantes de retina feitos com silicone ajudam a restaurar uma quantidade mínima de visão para alguns indivíduos com essas complicações. No entanto, esses dispositivos são rígidos, planos e frágeis, o que dificulta a replicação da curvatura natural da retina.

Segundo especialistas, essas limitações fazem com que os implantes de retina feitos de silicone produzam, na maioria das vezes, imagens borradas ou distorcidas. Há ainda o risco de o dispositivo danificar o tecido ocular circundante, incluindo o nervo óptico. A retina criada pelos americanos pode resolver esses problemas. Ela é composta por materiais 2D, incluindo grafeno e dissulfeto de molibdênio, finas camadas de ouro, alumina e nitrato de silício, todos usados com o objetivo de criar uma matriz de sensores flexível, de alta densidade e curvatura. O dispositivo assemelha-se à superfície de uma bola de futebol achatada, com tamanho e forma que imitam as medidas de uma retina natural.

Nos testes com animais, os fotorreceptores, que imitam os bastonetes e os cones da retina, absorveram prontamente a luz e a passaram através de uma placa de circuito externo extremamente macia, simulando o transporte dos impulsos nervosos pelo nervo óptico até o cérebro. “A placa de circuito abriga toda a eletrônica necessária para processar digitalmente a luz, estimular a retina e adquirir sinais do córtex visual”, explica, em comunicado, Nanshu Lu, uma das autoras do estudo e pesquisadora da Universidade do Texas.

Com base nos resultados, os cientistas acreditam que o protótipo de retina artificial imita com sucesso as características estruturais do olho humano e poderá ser usado como base na próxima geração de próteses de retina bioeletrônicas. “Esta é a primeira demonstração de que é possível usar grafeno e dissulfeto de molibdênio em poucas camadas para fabricar com sucesso uma retina artificial”, frisa Lu. “Embora essa pesquisa ainda esteja engatinhando, é um ponto de partida muito estimulante para o uso desses materiais para restaurar a visão.”

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