Em seu mais duro pronunciamento contra o adversário, o
candidato do PT a presidente, Fernando Haddad, questionou qual é o "limite
da loucura" de Jair Bolsonaro (PSL). Haddad repudiou o pedido de direito
de resposta do oponente ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Bolsonaro afirma
que a campanha de Haddad tem usado expressões fora de contexto e o ligado a
episódios de morte e violência.
"Eu estou mentindo se levo isso à televisão? Está
gravado o pronunciamento dele", disse Haddad. "Agora ele quer dizer
que não. Vai acusar minha campanha... Fomos nós que inventamos isso? Está
gravado. O que está fora de contexto?"
Para Haddad, as acusações de Bolsonaro estão "ficando
sérias, com muita ofensa desnecessária". Ele também pediu que a imprensa
questione as afirmações do candidato e de seus aliados.
"Ou nós colocamos as coisas nos trilhos para sair
dessa com liberdade, com respeito, ou nós vamos muito mal. Se a imprensa não
ajudar, essa campanha não vai terminar bem. Não é assim que se ganha uma
eleição", disse. "A democracia está em risco. Acordem".
O petista diz que reforça o apelo para a campanha de
Bolsonaro "parar com isso", ligado o oponente a uma "usina de
fake news" no WhatsApp. "Aí eles: 'mas eu não posso me
responsabilizar'. Mas quem está pagando por tudo isso? Será que custa barato
fazer essa campanha por WhatsApp", disse. "Não se ganha uma eleição dessa
maneira. É ruim para o Brasil. Vamos discutir propostas. Vamos participar de
debates, porque ele não vai poder dizer isso na minha cara".
Haddad participou, neste domingo (14), de um "encontro
com pessoas com deficiência pela democracia". Aos participantes, ele disse
lamentar que Bolsonaro que "tenha votado contra a lei brasileira de
inclusão".
"Mas tenho certeza que votou contra por pura
desinformação. Não tem olhar para isso. Não foi educado para olhar a humanidade
em toda sua complexidade e abraçar a humanidade toda".
Sobre a entrevista do ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso (PSDB), Haddad se mostrou disposto a abrir diálogo com o tucano. FHC
disse que havia um muro entre ele e Bolsonaro, mas uma porta com Haddad.
"Se depender de mim, essa porta vai ser aberta em nome da democracia.
Porque, independentemente de o PSDB ser oposição ou situação no próximo governo
se eu for eleito, o mais importante hoje é garantir as liberdades democráticas,
que estão em risco no nosso país", disse o petista, que lembrou do respeito
mútuo entre ele e o tucano.
Haddad também comentou, pela primeira vez, a resposta da
Igreja Universal após a crítica feita pelo político a seu líder, Edir Macedo,
que faria um "fundamentalismo charlatão". "Eu vejo com
preocupação quando uma igreja tem um projeto de poder", disse. "Uma
igreja não pode mandar no Estado brasileiro, que tem que ser de todas as
crenças, independentemente de quais sejam. Por isso que eu manifestei essa
preocupação, sobretudo em relação a esse projeto de poder, que agora parece querer
se materializar em uma candidatura".
O petista voltou a dizer que a democracia está em risco, e
criticou aliados de Bolsonaro que tentaram ligá-lo à defesa do incesto.
"Qual o limite da loucura do meu adversário? Acusar um oponente de
defender o incesto. Onde nós vamos parar? Vocês não vão acordar para o risco
que nós estamos correndo? Quando é que a imprensa vai acordar?",
questionou. "Isso põe em risco o pilar da democracia. Nós temos que dar um
basta nisso [compartilhamento de notícias falsas]". (UOL)
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