O Ministério da Educação (MEC) decidiu não avaliar este ano
o nível de alfabetização das crianças brasileiras. Resultados anteriores têm
mostrado que mais da metade dos alunos de 8 anos não consegue localizar
informações em textos de literatura infantil ou escrever corretamente palavras como
lousa e professor.
Por causa do desempenho preocupante das crianças, a gestão
de Michel Temer anunciou em 2018 que passaria a checar a alfabetização mais
cedo, aos 7 anos de idade (2º ano do ensino fundamental). A prova deveria ser
feita no mês de outubro deste ano.
No entanto, portaria publicada nesta segunda-feira, 25,
pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do MEC
responsável pelos exames, exclui as crianças de 7 anos das provas nacionais.
Elas também não farão os exames de Matemática.
Estão mantidas as avaliações para os estudantes do fim dos
ciclos do ensino fundamental, ou seja, 5º ano e 9º ano, e do ensino médio, no
3º ano.
As provas fazem parte do Sistema de Avaliação da Educação
Básica (Saeb), que existe desde os anos 90 no Brasil e aplica testes de
Português e Matemática. São a partir dos resultados do Saeb que o MEC calcula o
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que se tornou o grande
indicador de qualidade do ensino no País.
A alfabetização é considerada o momento mais importante da
educação de uma criança. Especialistas enfatizam que um aluno alfabetizado de
maneira insuficiente dificilmente terá condição de continuar aprendendo na
escola.
Sem avaliação neste ano, perde-se a possibilidade de
comparação para saber se as crianças estão melhorando ou piorando. A
alfabetização havia sido medida em 2014 e 2016 e deve voltar só em 2021.
Em nota publicada no seu site, o Inep afirmou que
"avaliação da alfabetização, conforme solicitação da Secretaria de
Alfabetização do Ministério da Educação (MEC), foi adiada para o Saeb 2021,
quando as escolas de todo país tiverem implantado a nova Base Nacional Comum
Curricular (BNCC) e estiverem ajustadas às políticas de alfabetização propostas
pela referida Secretaria".
Uma política nacional de alfabetização para melhorar os
resultados no País foi colocada entre as prioridades para os 100 dias do
governo de Jair Bolsonaro. Na semana passada, o jornal O Estado de S. Paulo
revelou a minuta do decreto que deve implementar a medida. O texto foi
criticado por educadores por enfatizar um método de alfabetização, o fônico,
considerado antiquado e muito tecnicista. O decreto também dizia que deveria
ser priorizada a alfabetização aos 6 anos, ou seja, mais cedo ainda, no 1º ano.
Já a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que reúne os
objetivos de aprendizagem para todos os anos escolares e que foi aprovada em
2017, diz que a alfabetização deve estar concluída ao fim do 2º ano. A BNCC
também não prioriza nenhum método para que se ensine a ler e a escrever.
Escolas particulares de elite em São Paulo, por exemplo, mesclam os modelos
existentes para garantir a aprendizagem das crianças. Por AE/Diário de Pernambuco.
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