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segunda-feira, 15 de abril de 2019

Ações da Petrobras derretem após recuo em alta do preço do diesel


As ações da Petrobras tiveram queda de 8% na Bovespa nesta sexta-feira, após a petroleira decidir voltar atrás em sua decisão de aumentar os preços do diesel, sob pressão direta do presidente Jair Bolsonaro.

Os títulos ordinários da empresa recuaram 8,54%, enquanto os preferenciais caíram 7,75%, afetando o índice Ibovespa, que cedeu 1,98%.

A Petrobras anunciou na quinta-feira que elevaria em 5,7% o preço do diesel, seguindo sua política de adaptação à evolução da cotação nos mercados internacionais.

Contudo, ontem à noite emitiu um comunicado afirmando que revisitou sua posição e comprovou que "há margem para espaçar mais alguns dias o reajuste no diesel".

O recuo ocorreu em meio a ameaças de uma greve dos caminhoneiros como a que paralisou o país por dez dias em maio de 2018, mas a decisão despertou temores entre os investidores sobre a gestão de Bolsonaro.

Do Amapá, o presidente admitiu que tinha interferido pessoalmente no caso. "Me surpreendi com o reajuste de 5,7%. Não vou ser intervencionista, não vou praticar políticas que fizeram no passado, mas quero os números da Petrobras, tanto é que na terça-feira convoquei todos (os diretores) da Petrobras para me esclarecer por que 5,7% de reajuste, quando a inflação desse ano tá projetada para menos de 5%", afirmou.

O porta-voz da presidência, Otávio Rêgo Barros, confirmou que na próxima terça-feira Bolsonaro vai se reunir em Brasília com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e com os ministros de Minas e Energia e da Infraestrutura.

Castello Branco reconheceu, numa mensagem encaminhada à imprensa, que a preocupação do presidente Jair Bolsonaro é "legítima" e assegurou que a "Petrobras é uma empresa completamente autônoma para tomar decisões (...), que sempre buscará a defesa de seus acionistas e do Brasil".

Segundo o jornal Valor, "a ingerência de Bolsonaro" significou "uma perda de valor de mercado de 32,4 bilhões de reais" para a companhia.

"Não sou economista, já falei. Quem entendia de economia afundou o Brasil, tá certo? Os entendidos afundaram o Brasil", ironizou Bolsonaro, que em seguida admitiu ter sido influenciado pela classe dos motoristas.

"Estou preocupado também com o transporte de cargas, com os caminhoneiros, são pessoas que realmente movimentam as riquezas de norte a sul, de leste a oeste, e têm que ser tratado com o maior carinho e consideração (sic). Nós queremos um reajuste, reajuste não, um preço justo para o óleo diesel", acrescentou.

As incertezas também enfraqueceram o real. O dólar fechou em alta a R$ 3,89, contra R$ 3,857 na véspera. Por Agence France-Presse

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