O estudo de impacto do rompimento da barragem Sul Superior,
da mineradora Vale, em Barão de Cocais (a 93 km de Belo Horizonte), aponta para
a morte de moradores e “inundação generalizada de áreas rurais e urbanas” em
três municípios, além de possíveis interrupções de estradas e problemas com
abastecimento de água e de luz.
O estudo, que no meio técnico do setor é conhecido como dam
break, relata ainda possibilidade de “danos estruturais em pontes e travessias
importantes nos municípios atingidos”. Além de Barão de Cocais, os municípios a
serem afetados pela lama são Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo.
Nas três cidades, a população que precisará ser retirada de
casa para não ser levada pela lama ultrapassa 10 mil pessoas, sendo cerca de 6
mil em Barão de Cocais, 2,4 mil em São Gonçalo do Rio Abaixo e 1,7 mil em Santa
Bárbara. O total de moradores nos três municípios é de aproximadamente 73,8 mil
pessoas, sendo 32 mil em Barão de Cocais, 31 mil em Santa Bárbara e 10,8 mil em
São Gonçalo do Rio Abaixo. As três cidades já passaram por simulados de
evacuação.
Em Barão de Cocais, o meio-fio de algumas ruas foi pintado
de laranja para indicar que será invadido pelo rejeito da Vale. Há pinturas em
nove bairros, incluindo o centro e a avenida principal da cidade. O foco são
áreas mais baixas, adjacentes ou às margens do Rio São João, que corta o
município. A possível rota da lama fez até o fórum e uma escola municipal da
cidade mudarem de lugar. A prefeitura estima que 3 mil edificações seriam
atingidas.
Segundo o estudo de dam break, a lama também vai devastar
áreas de preservação permanente “nas faixas marginais ao leito dos cursos de
água”. O relatório prevê “assoreamento de cursos de água a jusante, com
deposição de rejeitos no leito e planícies de inundação e possível alteração da
calha principal”.
O dam break diz que haverá “inundação generalizada de áreas
rurais e urbanas com graves potenciais de danos estruturais e perda de vidas
humanas, especialmente no distrito de Socorro e nos municípios de Barão de
Cocais, Santa Bárbara e São Gonçalo do Rio Abaixo”, além de “problemas
relacionados ao abastecimento de água nas comunidades ribeirinhas e irrigação
nas regiões abastecidas”, com “possíveis interrupções nos acessos locais de
terra, rodovias, linha de transmissão e fornecimento de energia”.
Nos distritos de Socorro, Tabuleiro e Piteira, os três
próximos à barragem, cerca de 450 pessoas já foram retiradas de suas casas. O
estudo diz também que ocorrerá “alteração ou remoção da camada vegetal e do
hábitat, remoção do solo de cobertura, deposição de rejeitos e demais prejuízos
a fauna e flora características da região”.
Fonte: Terra
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