O congelamento de 30% do orçamento das universidades
públicas e 40% dos institutos federais do país feito pelo governo Bolsonaro é
uma ameaça à educação pública e tem como objetivo estrangular as instituições
de ensino para que sirvam só a uma elite e torne o Brasil um imenso
supermercado de instituições privadas.
Esta é a avaliação do líder do PT no Senado, Humberto Costa
(PE), que participou de audiência pública na Comissão de Educação da Casa,
nesta terça-feira (7), com o ministro Abraham Weintraub.
“É uma destruição em larga escala. Tristeza ao povo,
alegria ao ministro da Economia, cuja irmã acaba de assumir o comando da
associação das universidades privadas. Olavo de Carvalho poderia explicar essa
feliz coincidência astrológica para os negócios dos mercadores do ensino”
disparou.
Para o parlamentar, a melhor forma de resistência virá, de
fato, dos estudantes, que estão dando “uma firme e estimulante resposta nas
ruas em todos as regiões do país”. De acordo com Humberto, se não houver uma
explosão de protestos que emparede esse governo medieval, o governo avançará
sobre as instituições de ensino.
“O que eles querem é asfixiar o ensino superior até que
sirvam só a uma elite e o Brasil vire um imenso supermercado de instituições
privadas. É um momento muito duro para a educação pública, que exige uma dura
reação de todos nós. O mundo acadêmico já mandou o seu recado”, comentou,
lembrando que mais de mil intelectuais em várias partes do planeta e mais de 13
mil sociólogos criticaram duramente a perseguição de Bolsonaro às
academias.
O parlamentar ressaltou que, não à toa, os estudantes
encurralaram Bolsonaro em uma cerimônia, ontem, no Rio de Janeiro, a ponto de o
presidente ter precisado de um forte aparato policial para sair do Colégio
Militar onde estava.
O senador entende que o que está em curso no Brasil é uma
campanha de desqualificação dos professores, de áreas do saber, das
instituições acadêmicas e do próprio sistema de ensino, com a finalidade única
de promover uma fascista doutrinação política dos estudantes brasileiros.
“O ministro da Educação é um frustrado acadêmico com
desempenho universitário pífio. É ele que desqualifica os alunos, as
instituições de ensino e o nível dos professores. Como bem disse, aliás, o
mestre e doutor em Filosofia Wilson Gomes, da Universidade Federal da Bahia, o
ministro que exige dos outros professores publicações e ranking científico tem
pior desempenho acadêmico”, ironizou.
Humberto criticou ainda o fato de Abraham Weintraub ter
praticamente exigido a aprovação da Reforma da Previdência, numa clara e aberta
chantagem ao Congresso Nacional, em troca de melhorias na área de
educação.
“Esse ministro gabarola veio aqui fazer um exercício sem
fim de autoelogio e explicar nada sobre esses cortes absurdos. Quem vai reparar
todo esse dano? Quem vai recuperar todas as perdas que a UFPE, a Universidade
do Vale do São Francisco, os institutos federais de Pernambuco e do Brasil
terão com essa política tacanha e ideológica do governo Bolsonaro?”,
questionou.
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