As mesas de glosa animaram o público sertanejo em todas as
três noites da 1ª Feira da Poesia do Pajeú, realizada pela Companhia Editora de
Pernambuco (Cepe), em parceria com a prefeitura de São José do Egito e de
outros municípios da região. Os desafios de poesia oral ocorreram nos três dias
do evento, que já entrou para o calendário oficial de programações culturais do
Sertão do Pajeú. Realizado na rua João Pessoa, centro histórico de São José do
Egito, esta edição homenageou os poetas Dedé Monteiro e Manoel Filó (in
memoriam). As mesas foram gravadas para se tornarem livros a serem publicados e
lançados pela Cepe em janeiro de 2020, na Festa de Louro, em homenagem ao
nascimento do poeta Lourival Batista.
Outras mesas de diálogo em torno da poesia e da cultura do
Pajeú também empolgaram poetas e admiradores da cultura local. Foi formado um
conselho editorial para lançar outros dois livros produzidos por autores da
região. O conselho será composto por poetas como Antônio Marinho e Isabelly
Moreira. Essa ação também foi vista como essencial para eternizar e incentivar
a poesia do Pajeú, que não possui nenhuma editora. “Os poetas disseram que a
Cepe veio para tocar fogo na vida cultural do Pajeú”, disse o superintendente
de marketing da Cepe, Tarcísio Pereira, que comandou o bate-papo sobre a
formação do conselho editorial e pediu urgência na formação desse conselho.
“Ficou acordado que todas as reuniões presenciais serão realizada em Afogados
da Ingazeira, município mais central para todo mundo do Pajeú comparecer”,
disse Isabelly, coordenadora de cultura da prefeitura de São José do Egito e
também poeta.
Isabelly e outras poetas do Pajeú falaram ao público sobre
a importância da participação feminina na poesia local. “Saímos do papel de
proteção masculina. Nossa própria fala já é um ato político. A mulher no Sertão
era musa inspiradora, ganhava uma visão de fragilidade, de pétala de rosa.
Estamos mais para mandacaru. Escrevemos como somos”. A jornalista Érika Muniz,
da revista Continente, editada pela Cepe, levantou a importância da
representatividade feminina na escolha das publicações do conselho. “Para que
cada vez mais mulheres da região tenham seus trabalhos publicados”, disse
Érika.
Em outro momento também foi mencionada a importância da
influência indígena do povo Xucuru na poesia do Pajeú. O poeta, pesquisador e
professor de filosofia Lindoaldo Campos, que escreveu tese sobre a temática,
foi convidado a esclarecer essa influência. Fala-se muito da origem ibérica e
moura da poesia do Pajeú, mas a indígena é anterior. Tanto é que o próprio nome
pajeú é indígena, assim como Tuparetama e Itapetim.
Manoel Filó foi lembrado por seus filhos, Ciro e Jorge,
pelo amigo Ricardo Moura e pelo poeta Zezé Neto. Eles contaram sobre a vida e
obra do poeta já falecido, recitaram suas poesias e fizeram muita gente se
emocionar.
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