O ministro da Ciência, Tecnologia e Comunicações, Marcos
Pontes, afirmou que o dinheiro para as bolsas CNPq só dura até setembro e
cobrou a aprovação de um crédito de R$ 310 milhões para o orçamento da sua
pasta para garantir o pagamento de bolsas do CNPq (Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
Segundo o ministro, com o orçamento atual, o ministério tem
condições de manter o pagamento das cerca de 80 mil bolsas para os
pesquisadores apenas nos próximos dois meses. A partir de outubro, o caixa está
zerado.
"Esses R$ 310 milhões têm que vir como crédito para o
CNPq para manter essas bolsas, senão não funciona. O tempo está passando",
afirmou o ministro nesta segunda-feira (8) em Salvador, onde participou da
premiação dos vencedores da Olimpíada Brasileira e Matemática das Escolas
Públicas.
Os recursos para o pagamento das bolsas estão no bojo de um
pedido de suplementação do orçamento de R$ 248,9 bilhões feito pelo presidente
Jair Bolsonaro (PSL) e aprovado em junho pelo Congresso Nacional. Os recursos
serão obtidos por meio da emissão de títulos públicos.
Marcos Pontes também comentou o manifesto assinado por dez
ex-ministros de Ciência e Tecnologia de governos anteriores, que criticaram os
cortes de orçamento nesta área.
"Recebi a carta e achei excelente a ideia de eles se
juntarem a mim nesta batalha. [...] Eles certamente tentaram lá atrás reverter
situação [de cortes] e não conseguiram. Agora, quem sabe, juntos, nós não
consigamos reverter", afirmou o ministro.
Ele destaca que o orçamento da área vem caindo desde 2013 e
que seu objetivo é fazer com que as verbas destinadas à pasta cheguem ao mesmo
patamar de 2010, quando o ministério teve cerca de R$ 6 bilhões.
Para isso, ele diz que tem conversado com o presidente
Bolsonaro e com o ministro da Economia Paulo Guedes. Segundo Pontes, o
presidente sinalizou positivamente ao seu pleito de aumentar o orçamento da
pasta. "Agora, a gente está esperando. Eu quero ver no número",
disse.
Na avaliação do ministro, os recursos para ciência e
tecnologia não devem ser encarados como gastos, mas como investimentos que dão
um retorno rápido e garantido para o país.
"Esta é uma pauta boa em que todos convergem. Ciência
e tecnologia é fato, é pesquisa, não tem a ver com ideologia", afirmou o
ministro, destacando o seu papel conciliador - há cerca de um mês ele reuniu-se
com o governador do Maranhão Flávio Dino (PCdoB) para discutir sobre a base de
Alcântara.
"Esse é meu jeito. Foco num assunto até resolver
porque [entendo] que a tecnologia é uma das ferramentas mais poderosas que a
gente tem. Pega a Estação Espacial [Internacional]. Ali tem várias nações,
culturas, mas a ciência e tecnologia conectam. Para quem viu [a Terra] lá de
cima, a gente está no mesmo barco."
E a Terra é redonda, ministro?
"É redonda, pelo amor de Deus", respondeu Pontes,
antes de soltar uma gargalhada. Por Folha Press
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