A área desmatada da Amazônia observada em julho pelos
satélites atingiu uma área total de 2.254 km². Isso equivale a mais de um terço
de todo o volume desmatado nos últimos 12 meses, entre agosto de 2018 e julho
de 2019, período em que o volume total do desmatamento chegou a 6.833 km².
Os dados são do Sistema de Detecção do Desmatamento na
Amazônia Legal em Tempo Real (Deter), ferramenta do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe) que serve para orientar ações de fiscalização contra
o desmatamento. O volume de 6.833 km² verificado entre agosto de 2018 a julho
de 2019 supera em 49,45% o desmatamento medido nos 12 meses anteriores e indica
que a taxa oficial de desmatamento da Amazônia, medida por um outro sistema do
Inpe, o Prodes, pode trazer uma alta similar.
Em entrevista à Rádio Eldorado na segunda-feira, 5, o
próprio ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, reconheceu isso e
disse que "é provável" que o Prodes mostre uma alta parecida, como
ocorreu nos anos anteriores. Em geral, a tendência indicada pelo Deter, seja de
alta ou de baixa, é confirmada pelo Prodes, um sistema muito mais preciso e que
"enxerga" muito mais. Mas em geral, também, por causa dessa maior
precisão, o número do Prodes é sempre maior que o do Deter.
Para evitar distorções, os números citados acima consideram
apenas as três categorias de corte de vegetação que o próprio governo
identifica como desmatamento efetivo: desmatamento com solo exposto,
desmatamento com vegetação e mineração.
Se observado apenas o desmatamento de julho deste ano, o
volume chegou a 2.254,8 km² de devastação, um volume 278% maior que o
verificado em julho de 2018, quando foram registrados 596,6 km² de
desmatamento.
Desde maio, o governo tem desmentido os dados oficias do
Inpe, quando o Estado divulgou que os piores índices de desmatamento
verificados na última década, com uma média de 19 hectares de vegetação
derrubada por hora, o governo passou a confrontar as informações oficiais,
colocando em xeque os dados que são divulgados pelo próprio setor público.
A divulgação dessas informações tem incomodado
profundamente o governo. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) considerou
mentirosos dados divulgados pelo Inpe sobre o aumento do desmatamento da
Amazônia. Na última sexta-feira, 2, ele exonerou Ricardo Galvão da chefia do
órgão.
O coronel da reserva da Aeronáutica Darcton Policarpo
Damião foi escolhido para assumir interinamente o comando do Inpe. O novo
diretor efetivo só será escolhido por uma lista tríplice que será montada por
comissão. Nesta terça-feira, 06, o ministro da Ciência e Tecnologia, Inovação e
Comunicação, Marcos Pontes, afirmou mantém no cargo o novo diretor do Inpe,
mesmo se forem confirmados os dados produzidos pelo órgão sobre desmatamento. Por: AE
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