O Casarão Padre Ibiapina, no Centro de Triunfo, vai receber
neste sábado (21/09) o lançamento dos livros “O Mapa da Rima” e “O Cordel de
Escrita Feminina em Pernambuco”, das escritoras e pesquisadoras Eulina Fraga e
Shirley Rodrigues. O encontro será às 16h, com entrada gratuita, e contará com
recitais, conversa com as autoras e cordelistas convidados.
Patrimônio Imaterial Cultural Brasileiro, a linguagem
poética popular, que tem a rima como uma de suas principais características,
sempre esteve presente na vida das escritoras, que se conheceram durante a
graduação em 2005, quando decidiram desenvolver projetos com a temática. “Nesse
tempo de atividade, percebemos a ausência de memória em nossa literatura que
retratasse a trajetória do cordel, seus escritores pioneiros e também a
presença feminina nesse universo”, conta Shirley.
Assim, nasceram as duas obras, que são editadas pela
Coqueiros, única editora que trabalha com esse gênero literário e têm arte
desenvolvida pelo cordelista Leonardo Farias. As narrativas, que trazem alguns
versos e mesclam harmonicamente conteúdo e poesia, já foram apresentadas na
Europa e integram o acervo de bibliotecas de Portugal, Espanha e França.
Durante um ano e oito meses, elas realizaram pesquisas
quantitativas e qualitativas, imersões em acervos e aproximações e conversas
com cordelistas em Pernambuco, no Rio de Janeiro, Ceará e Rio Grande do Norte
que permitiram costurar as informações e criar um arranjo das narrativas. “É um
trabalho pioneiro e necessário porque documenta quem somos e reconhece os
principais nomes que deram origem a essa expressão”, comenta Eulina.
Em 84 páginas, “O Mapa da Rima” (R$ 20) resgata a história
e as obras dos poetas pernambucanos que escrevem, ou seja, de bancada, como
Silvino Piruá, criador do romance, e João Matias de Ataíde, um dos maiores
tipógrafos brasileiros. No entanto, o mapeamento se volta, em especial, a
Leandro Gomes de Barros. Foi ele quem identificou o potencial mercadológico do
cordel e deu início à produção da arte impressa no formato já familiar da
cultura nordestina.
A soberania masculina encontrada ainda no cordelismo é o
mote do livro “O Cordel de Escrita Feminina em Pernambuco” (R$15), concebido a
partir da inquietação das escritoras ao perceber a ausência das mulheres em
encontros culturais. Na obra, de 40 páginas, elas descortinam a autoria dos
cordéis de Maria das Neves Batista. Primeira cordelista brasileira, ela
utilizava o nome de seu esposo – Altino Alagoano – para assinar suas criações.
Sua primeira produção foi “Violino do diabo e o valor da honestidade”. Ao todo,
são aproximadamente 13 mulheres que ganham o reconhecimento por suas obras e
têm suas vidas apresentadas aos leitores.
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