da Editoria de Cidades
Mariom (nome fictício) tinha 60 anos quando uma perda
repentina de peso e sintomas de fatiga a levaram à policlínica Gouveia de
Barros, na área central do Recife, para fazer a testagem para o HIV. O
diagnóstico positivo veio como uma surpresa - a aposentada estava há quase dez
anos sem manter relações sexuais.
Hoje, doze anos depois, aos 72, ela é ativista no combate à
discriminação contra pessoas que vivem com HIV/AIDS, pela Gestos e pelo
Movimento Nacional de Cidadãs Positivas. Mesmo sendo uma voz ativa para outras
pessoas soropositivas e falando abertamente sobre o assunto, o estigma acerca
do vírus ainda impõe limites em sua vida.
“Sou uma coisa dual”, define. “Eu não me sinto
discriminada, acredito que consegui trabalhar bem isso na minha cabeça. Mas
comigo mesma, eu ainda tenho alguma dificuldade, como, por exemplo, em mostrar
o rosto. O fato de eu estar aqui falando com você e não deixar você me
fotografar, acho que isso faz parte do preconceito”, conta.
Essa sensação de estigma internalizado experienciada por
Mariom é uma realidade comum, conforme revelou o Índice de Estigma em relação
às pessoas vivendo com HIV/AIDS, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para
o HIV e AIDS (UNAIDS) e divulgado ontem em conferência no Recife.
De acordo com o levantamento, 81,8% dos brasileiros que
vivem com o vírus acham difícil contar às pessoas sobre sua condição, enquanto
75,5% revelaram preferir escondê-la. Por conta da sorologia positiva para o
HIV, 35,7% afirmaram sentir culpa, e 21,6% disseram se sentirem sujos.
O indicador aferiu o preconceito vivido diretamente por
essa população: 64,1% disse ter vivido alguma situação de discriminação. Mais
de 17% relatou ter sido excluídos de atividades familiares por conta da
condição. Já 41% responderam ter ouvido falar de membros da família fazendo
comentários discriminatórios a seu respeito. O percentual sobe para 43,3%
quando se trata de pessoas de fora do círculo familiar. Matéria completa no Jc Online.
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