Por Estadão Conteúdo
O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse
não ter sido pressionado pelo governo para reduzir o preço dos combustíveis.
Ele participou de reunião na sede do Ministério de Minas e Energia com o
presidente Jair Bolsonaro e o ministro Bento Albuquerque.
“Recebi manifestações do presidente e ministro de total
respeito à lei”, disse ele, em referência à política de liberdade de preços.
“Não recebi pedido, pressão ou sugestão para baixar preços. Existe liberdade
total na prática para preço de qualquer derivado de petróleo.”
O esclarecimento de Castello Branco ocorre devido ao
domínio da Petrobras no mercado de refino e, consequentemente, sua forte
influência nos preços dos combustíveis praticados no País. A companhia detém
mais de 90% das refinarias do País e, após um acordo com o Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade), colocou à venda vários desses ativos
justamente para sair dessa posição sem pagar multas.
“Estamos desinvestindo 50% do parque de refino de petróleo.
Esse processo está em movimento”, afirmou. Segundo ele, a companhia recebeu
propostas não vinculantes por quatro refinarias no Pernambuco, Bahia, Paraná e
Rio Grande do Sul em novembro e, mais recentemente, por uma em Minas Gerais.
“Passamos para a fase de propostas vinculantes no início de março”, afirmou.
Além disso, segundo ele, a Petrobras deve receber propostas
não vinculantes sobre outras três refinarias menores nas próximas semanas. “Ao
longo de 2020, teremos completado boa parte do processo de venda dessas
refinarias”, disse Castello Branco. “Em 2021, teremos 49% do refino no Brasil,
sem capacidade de formar preços. Novos refinadores terão estímulos para
investimentos.”
Ainda sobre a crise iniciada na semana passada – com o
ataque norte-americano ao aeroporto de Bagdá, que resultou na morte do general
iraniano Qasem Soleimani -, Castello Branco disse ser improvável que uma crise
política se torne uma crise econômica.
Segundo ele, grande parte do polo de produção de petróleo
está fora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), formada
majoritariamente por países do Oriente Médio.
Ele destacou que os Estados Unidos são grandes produtores
de ‘shale gas’ e possuem um mercado que reage rapidamente a preços. “Isso
desarma possibilidade de que preço elevado se mantenha por período longo”,
disse. Ainda segundo ele, o baixo ritmo de crescimento da economia mundial
previsto para este ano deve ajudar a conter os preços da commodity.
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