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sábado, 25 de julho de 2020

Escolas e prédios públicos estão em área inundável de barragens em MG

 

Amanda Rossi e Hugo Nicolau

Quando as aulas forem retomadas na Escola Estadual Deniz Vale, em Nova Lima (MG), os 1.254 alunos vão voltar para suas classes sem saber que o local pode ser atingido por um rio de lama em menos de 30 minutos no caso de rompimento de uma barragem próxima, com altura e volume similares à que gerou o desastre de Brumadinho (MG). Também não receberam treinamento a respeito do que fazer em caso de emergência.

"A escola nunca recebeu essa informação", diz Zeca Ribeiro, professor de história da Diniz Vale. Segundo outro funcionário da escola, a Defesa Civil e uma empresa contratada pela Vale fizeram uma visita rápida ao local, mas "não mostraram nenhum documento". O rompimento da barragem de Brumadinho, que deixou 270 mortos, completa um ano e meio hoje.

Os alunos, professores e funcionários dessa escola de Nova Lima, na Grande Belo Horizonte, não são os únicos "no escuro" a respeito do perigo que correm. Mapas inéditos obtidos pela Repórter Brasil mostram que outras nove escolas estão dentro das chamadas Zona de Autossalvamento (ZAS) das barragens da Vale em Minas Gerais. Essas são as áreas que seriam atingidas pelos rejeitos em em até 30 minutos, não havendo tempo para a Defesa Civil retirar a população do local — por isso, o nome "autossalvamento".

No ano passado, a Vale chegou a planejar a publicação de um site com os mapas das Zonas de Autossalvamento de 64 barragens (59 delas em Minas Gerais) — e rotas de fuga em caso de rompimento. A divulgação, no entanto, nunca aconteceu.

A Repórter Brasil teve acesso a esses mapas e os divulga de forma inédita para que as pessoas saibam se estão em risco ou não por conta das barragens de rejeitos de minério. Na plataforma, é possível checar a situação das cidades mineiras que estão próximas a barragens da Vale (acesse aqui).

No total, são mais de 1.500 construções, distribuídas em 16 municípios, que poderiam ser gravemente atingidas pelos rejeitos em caso de rompimento de barragens. Entre elas, estão quatro Fóruns de Justiça, duas Câmaras de Vereadores e uma Prefeitura. O Brasil tem ainda outras 300 barragens de outras mineradoras, cujas áreas de risco continuam desconhecidas. Veja na íntegra aqui/ UOL

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