Ao consultar registros de personalidades públicas,
o Estadão encontrou conteúdo ofensivo ou sarcástico nos cadastros de
pelo menos cinco personalidades brasileiras. Nesses registros, a maioria dos
dados, como CPF, nome, telefone e endereço, estão corretos, mas alguns campos
foram preenchidos com apelidos ou ofensas.
Há dois registros no nome da ex-presidenta Dilma Rousseff
(PT). Em um deles, o campo 'nome social' foi preenchido com o xingamento
"motherfucker". No outro, o nome social aparece como "Vai
Bolsonaro".
No registro da ex-deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB),
embora os dados pessoais estejam corretos, o nome social aparece como
"petista" e o nome do pai foi adulterado para "Luis Inacio
Pingaiada da Silva".
A apresentadora Xuxa também sofreu ataques. No registro
atribuído a ela, o nome do seu pai (Luis Floriano Meneghel) foi adulterado para
"Luiz Floriano Bolsonaro" e o campo 'nome social' foi preenchido com
o termo "petista sfda" (pela linguagem usada na internet, a
interpretação mais provável seria "petista safada").
No registro do apresentador global Luciano Huck, embora
alguns dados pessoais estejam corretos, o nome social foi preenchido com o
termo "nareba".
Questionado sobre a adulteração dos cadastros, o
Ministério da Saúde afirmou que "o conteúdo ofensivo identificado já foi
corrigido" e que "ações de segurança estão sendo tomadas para impedir
novos incidentes, assim como ações administrativas para apurar o
ocorrido". A pasta não respondeu, porém, quem teria sido o responsável
pela inclusão dos termos ofensivos nas bases.
A empresa de tecnologia Zello (antiga MBA Mobi), contratada pelo ministério para desenvolver o sistema que continha falhas de segurança, também foi questionada, mas disse que não se pronunciaria.
A reportagem também procurou os políticos e artistas
vítimas das ofensas nas bases de dados. A assessoria da ex-presidente Dilma
afirmou que "essa violação é apenas um dos muitos casos de quebra de
normas e violações na área de segurança da informação". Disse ainda que
"não surpreende que isso ocorra no governo que monitora jornalistas e influenciadores
digitais, mas não protege seus próprios dados".
Já a ex-deputada Manuela D'Ávila disse ao Estadão que
o Brasil está "sob o comando de um governo absolutamente incapaz",
que "não protege dados dos cidadãos e cidadãs e não esclarece a autoria de
adulterações e ofensas".
A assessoria do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva
não quis comentar as ofensas, mas disse que avaliará o caso para definir se
tomará alguma medida. As assessorias dos apresentadores Luciano Huck e Xuxa não
responderam. (Terra)
Nenhum comentário:
Postar um comentário