Senhoras Deputadas e Senhores Deputados, importante para
a Casa Joaquim Nabuco poder reverenciar o Centenário do Grande filho de
Carnaíba Zé Dantas.
Zé Dantas é imortal
José de Sousa Dantas Filho, nasceu em Carnaíba. Filho de
José de Sousa Dantas, fazendeiro, comerciante e ex-prefeito da cidade de
Flores, e de Josefina Alves Siqueira Dantas.
Sob pressão familiar, migrou para o Recife ainda jovem.
Aos 17 anos. Com uma meta estabelecida: ser médico. “Virar um doutor”, como
ainda se costuma dizer pelas bandas das cidades do interior do Estado. Aluno
aplicado, concluiu o ensino médio e se formou em medicina.
Fez carreira no Rio de Janeiro no exercício da profissão.
Médico residente obstreta e depois diretor do Hospital dos Servidores. Foi
casado com a também pernambucana Yolanda Dantas. Teve três filhos. Morreu em
1961. Seu principal legado: a poesia, a música, a cultura nordestina.
Carnaíba integra o cinturão do Sertão do Pajeú, região
que historicamente tem três características no seu DNA. O Rio Pajeú, a polarização
política entre forças progressistas e setores conservadores e a cultura da
poesia popular.
E foi nesse ambiente que Zé Dantas, um dos compositores
mais geniais da Música Popular Brasileira nasceu e se formou.
Conheceu Luiz Gonzaga pessoalmente aos 26 anos, no
Recife. Escreveu composições antológicas. Que não as assinava, a seu
próprio pedido, temendo represálias de seus pais.
A juventude consagrou autores como Geraldo Vandré, Chico
Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, entre tantos outros, nas chamadas
composições de protesto, no final da década 60.
“Mas doutô uma esmola a um homem qui é são, ou lhe mata
de vergonha ou vicia o cidadão”, versos de Vozes da Seca, Zé Dantas denuncia a
injusta e criminosa desigualdade regional contra o Nordeste. Na década de 50.
Ou seja, cerca de 10 anos antes.
No próximo dia 27 de fevereiro de 2021 Zé Dantas faria
100 anos se vivo fosse. Infelizmente, para todos nós, a Pandemia não
permite uma comemoração com muito forró, em Carnaíba, como havia pensado e
programado o prefeito Anchieta Patriota.
Mas Zé Dantas estará vivo em nossos corações e mentes
para a eternidade. Ele é imortal como um bem cultural e imaterial do Nordeste,
do Brasil.
E se refletirmos sobre sua história de vida, que o
destino lhe impôs decidir entre ser reconhecido como um doutor ou um poeta
popular, fica a lição de que nada vale estar acima dos nossos sonhos.
Viva Zédantas, imortal, imortal!
*Aluísio Lessa é deputado estadual pelo
PSB. Foi reeleito para o seu terceiro mandato consecutivo. O deputado é
presidente da Comissão de Finanças na Alepe. (Nill Júnior)
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