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Publicado por Blog do Ivonaldo Filho

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terça-feira, 6 de abril de 2021

“Em dois dias, perdi meu pai e minha irmã”

Emanuelly Cavalcante (no abaixo, à esquerda), com a irmã, Emily, o pai, João Joaquim (ambos mortos por Covid), a mãe, Maria Aparecida, e o irmão, Emanuell: família perdeu dois membros em 48 horas – Intervenção de Paula Cardoso em foto de arquivo pessoal/Emanuelly Cavalcante

Agente não tem como saber como a doença se manifesta em cada pessoa. Da minha família, das cinco pessoas que pegaram, eu, minha irmã, meu pai, minha tia e meu irmão, duas dessas pessoas contraíram a forma grave da Covid e, infelizmente, chegaram ao óbito. O que eu vejo muita gente falando, gente que trabalha no Hospital de Campanha de Natal, é que é uma roleta russa. Tem pacientes que chegam com nefropatia, já fazendo hemodiálise, doenças crônicas, e saem bem, dentro das condições deles. Enquanto outras pessoas, como minha irmã, que não têm nenhuma comorbidade, acabam não resistindo ao tratamento. Ninguém vai saber até contrair, então a única coisa que a gente pode fazer é se prevenir. 

Os médicos foram enfáticos ao dizer que estavam bem tristes, porque eles estimulavam, faziam de tudo, mas não havia resposta. No começo, os outros órgãos estavam funcionando bem, mas como os pulmões decaíram de forma drástica, os órgãos vitais começaram a falhar. Os rins dela começaram a reclamar por causa das altas doses de sedativos. Isso baixava a pressão dela, e eles precisavam usar o remédio da noradrenalina para aumentar a pressão, o que sobrecarregava muito os rins. Ela não tinha nenhuma comorbidade. Sofreu uma parada cardiorrespiratória. O corpo dela falhou, porque não estava mais recebendo oxigênio. 

Meu pai faleceu no dia 29, às 2h30, e minha irmã, no dia 31, à 1h40 da manhã. 

Apesar de ele não trabalhar na linha de frente, as mesmas unidades tinham as alas de Covid, e um dos hospitais se tornou exclusivo para Covid em fevereiro. Ele tinha contato com outros médicos… a equipe não está isenta de contágio. Ele tomou as duas doses da vacina. Começou a apresentar os sintomas no dia 3. A última dose foi no dia 15 de fevereiro. Como ele estava em contato, a gente sempre soube que ele corria risco de contrair. 

A gente imaginava que teria alguma imunidade pelo tempo transcorrido, ao menos para evitar sintomas graves. Por isso que eu digo: não esperem contrair a doença para se proteger. Veja o depoimento a Mariana Ceci. Fonte: Piauí/Folha/Uol.

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