Sustentando os números que indicam o crescimento do
fantasma da fome estão rostos como o de Luiz Roberto Côrrea Silva, de 26 anos.
Ele vive com a esposa, Antonia Maria, 20, e uma filha de outro relacionamento,
Isabela, de 8, na favela Olaria, zona sul de São Paulo, a maior metrópole do
país.
Diante do cenário de desespero que vive, ele contou
ao Metrópoles que a opção da família tem sido deixar a filha dormir o
máximo possível, para acordar e já almoçar. Quanto ao casal, o caminho é
ignorar a barriga roncando e acompanhar a menina na refeição. “Se a Isabela
acordar muito cedo, ela vai ficar com fome. É café da manhã ou almoço. Não tem
como ser os dois”, relata Luiz. “Vez ou outra, pode acontecer de ter só almoço.
Aí a gente inventa alguma coisa para beliscar à tarde, dorme cedo e agradece a
Deus esperando o alimento do dia de amanhã.”
A falta de recursos e a fome angustiam esse jovem brasileiro. “O que eu penso é muito pesado pra falar.” Ele chora, respira fundo, e desabafa: “Eu me sinto um inútil, um lixo. Eu não consigo dar pra minha família o que ela precisa. Por mais que eu acorde cedo, corra atrás”. Por Raphael Veleda, Laura Braga, Leandro Barbosa, Bruno Menezes (Metrópoles).
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