Líder nas pesquisas de intenção de voto, Lula também tomou de Jair Bolsonaro a dianteira no ranking de popularidade digital de pré-candidatos à Presidência da República. A troca de posições entre os dois adversários ocorreu no mesmo período em que a CPI da Pandemia colheu os depoimentos do ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten, do ex-chanceler Ernesto Araújo e do ex-ministro Eduardo Pazuello, em sessões que desgastaram a imagem do governo.
Batizado de Índice de Popularidade Digital (IDP), o
ranking é elaborado diariamente pela Quaest Consultoria, que coleta dados em
redes sociais e buscadores -- como Twitter, Instagram e Google Search -- e leva
em consideração indicadores como número de seguidores, capacidade de promover
engajamento e quantidade de reações positivas às mensagens postadas. Com essas
informações, a Quaest confere uma pontuação de 0 a 100 a cada presidenciável.
Em 11 de maio, um dia antes do depoimento de Wajngarten à
CPI da Pandemia, Bolsonaro estava em primeiro lugar, com 83,38 pontos, e Lula
aparecia em segundo, com 57,35 pontos. A partir daí, a popularidade digital do
presidente começou a cair, enquanto a do antecessor passou a subir. Em 18 de
maio, quando Ernesto Araújo falou à comissão, Lula marcou 73,52 pontos e
superou Bolsonaro, que registrou 72,89 pontos. No dia seguinte, quando Pazuello
prestou depoimento pela primeira vez aos senadores, o petista ainda
manteve pequena vantagem, de 72,23 a 70,22.
“Lula continua sendo o candidato de oposição com melhor
desempenho digital entre os concorrentes porque seu legado econômico foi forte,
variável definitiva nas eleições presidenciais”, diz o cientista político
Felipe Nunes, diretor da Quaest. Desde o início do ano, foi apenas a segunda
vez que o petista desbancou o atual presidente do topo do ranking. A primeira
ocorreu durante um período de cerca de dez dias, em março, mês que registrou
recordes sucessivos de mortes por Covid-19 e no qual o pagamento
do auxílio emergencial ainda não havia sido retomado.
Como ocorre nas pesquisas de intenção de votos, os nomes
de centro patinam no universo digital. A exceção é Luciano Huck, que figura
geralmente em terceiro lugar no ranking, mas já tomou de Lula a segunda posição
em algumas ocasiões. A força de Huck, no entanto, decorre principalmente de sua
popularidade como apresentador de televisão. Os outros postulantes centristas
não têm esse ativo e penam até aqui para ganhar pontos e se beneficiar do
derretimento de Bolsonaro. Em 19 de maio, Huck anotou 40,5 pontos, Ciro Gomes
(PDT) 29,15 pontos, João Doria (PSDB) 23,77 pontos e Henrique Mandetta (DEM)
15,91 pontos.
Em 2018, Bolsonaro conquistou a Presidência sem ter tempo
de televisão e recursos públicos comparáveis aos reservados ao então
concorrente petista, Fernando Haddad. Foi decisivo para o sucesso do ex-capitão
o garimpo de votos que ele fez nas redes sociais, à época deixadas de lado pelo
PT. No começo de seu mandato, Bolsonaro continuou a reinar sozinho nessa seara.
As células de oposição nas redes sociais só começaram a surgir com mais força
no ano passado -- mesmo assim, organizadas por influenciadores digitais, que
passaram a criticar o governo em temas como a pandemia e o desmatamento da
Amazônia. (https://veja.abril.com.br/politica/familia-bolsonaro-enfrenta-agora-uma-pesada-oposicao-nas-redes-sociais/)
Lula não quer que o PT repita o erro de 2018. O
ex-presidente reforçou sua presença nas redes sociais. De olho em 2022,
convocou o jornalista Franklin Martins, seu ex-ministro, para coordenar o
trabalho nessa área. “Caiu a ficha no PT de que não dá para fazer política,
enfrentar o debate público hoje, sem dar um salto na presença nas redes
sociais”, afirma o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP). A disputa
eleitoral se dará em várias frentes. (Veja)

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