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| © JF Diorio/Estadão |
No documento, obtido pelo Estadão/Broadcast, ele
ressalta que o desempenho “garante à empresa uma imagem institucional sólida” e
a deixa “em condições bastante favoráveis no contexto dos estudos de
desestatização que estão sendo conduzidos a seu respeito”.
O presidente Jair Bolsonaro entregou em mãos o projeto de privatização
dos Correios ao presidente da Câmara, Arthur
Lira (PP-AL) em 24 de fevereiro. No dia 20 de abril, os deputados aprovaram requerimento de urgência para a proposta,
o que permite que ele seja pautada a qualquer tempo na Casa.
O texto não define qual será o modelo de privatização,
mas abre caminho para a venda dos Correios ao liberar à iniciativa privada a
operação de serviços que hoje são de monopólio da União.
Desde 2010, os Correios tiveram lucro acima de R$ 1
bilhão apenas em 2012 (R$ 1,113 bilhão). Entre 2013 e 2016, a estatal acumulou
um prejuízo de R$ 3,943 bilhões, fruto de problemas de gestão e provisões para
fazer frente aos rombos nos planos de previdência (o Postalis) e de saúde
(o Postal Saúde) dos funcionários. Ambos já foram alvo de denúncias de
corrupção. O Postalis acumula quatro operações da Polícia
Federal: Positus, Greenfield, Pausare e Rizoma,
que investigaram fraudes na gestão dos recursos.
A partir de 2017, a empresa começou a reverter os
prejuízos, mas o desempenho melhor em 2020 veio na esteira da expansão do
comércio eletrônico – modalidade que teve aumento de demanda com a pandemia de
covid-19 e o maior número de pessoas em trabalho remoto. Segundo o ofício
enviado ao Ministério da Economia, a receita com encomendas manteve o patamar de
crescimento, com alta de 9% em relação a 2019. As receitas internacionais, por
sua vez, ultrapassaram R$ 1,2 bilhão, um valor nunca registrado até então, de
acordo com a estatal.
Com o resultado positivo, o patrimônio líquido da
companhia cresceu 84% em relação a 2019, somando R$ 950 milhões.
Comissão especial
Na tentativa de evitar que o projeto fique parado nas
comissões permanentes, onde a oposição tem mais força, o presidente da Câmara
determinou a criação de uma comissão especial para apreciar a matéria. A
comissão não foi formalmente instalada, mas o ato permite maior controle sobre
a discussão ao relator, Gil Cutrim (Republicanos-MA). Do contrário, a
proposta seria discutida em cada uma das comissões temáticas e teria diversos
relatores diferentes. Em muitas delas, o governo já vinha perdendo terreno na
discussão sobre os Correios.
Cutrim afirmou que o projeto ainda está em fase de
debates e que não há um prazo para trazer o projeto à votação. “É uma matéria
que precisa ser amplamente discutida”, afirmou.
Já o secretário de Comunicação da Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios (Fentect), Emerson Marinho, afirma que o resultado mostra a “alta capacidade” da estatal de manter o serviço à população mesmo em um ano de pandemia. Em relação à privatização, ele vê o desempenho como prova de que não há “argumento sólido” para vender a companhia. “Nenhum empresário vende nada que dê lucro, pelo contrário, investe mais para dar mais lucro.” Por Idiana Tomazelli e Anne Warth/Estadão.

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