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| Foto: Pedro França |
O servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda afirmou ter sofrido pressão incomum de seus superiores no ministério, inclusive nos fins de semana, para finalizar os trâmites de compra da Covaxin, vacina da farmacêutica indiana Bharat Biotech. A compra das vacinas chegou a ser anunciada pelo governo federal em fevereiro, mas o negócio segue em aberto. Luis Ricardo prestou depoimento na última sexta-feira (25) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia.
De acordo com o depoimento, o chefe imediato no
departamento de importação mandava mensagens depois do expediente e nos fins de
semana - prática incomum, de acordo com o servidor - alegando que estava em
contato com representantes da empresa. Luis Ricardo se sentiu incomodado com a
postura da chefia. Diante disso, decidiu comunicar seu irmão, o deputado
federal Luis Miranda (DEM-DF).
Em resposta ao relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL),
o servidor do Ministério da Saúde afirmou que toda equipe do seu setor
ficou desconfortável com a pressão incomum, inclusive diante da falta de
documentos. À época, a empresa ainda não havia apresentado o Certificado de
Boas Práticas, documento necessário para o procedimento de compra.
Luis Ricardo já havia relatado o caso em depoimento ao
Ministério Público Federal (MPF) no final de março. O depoimento veio a público
por meio de veículos de imprensa e a CPI decidiu ouvir o deputado e seu irmão
hoje. Aos senadores, o deputado mostrou áudios do irmão, em conversas privadas
dos dois, em março.
No áudio, o servidor demonstrou sua suspeita ao irmão.
Disse que o ministério negocia milhões de vacinas e insumos, e ninguém nunca
havia ligado para ele; nem empresas, nem o secretário-executivo do ministério.
Mas neste contrato havia muita gente “em cima, pressionando”. “Aí você já fica
com um pé atrás”, disse Luis Ricardo ao irmão em áudio divulgado no depoimento.

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