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A avaliação negativa do governo Bolsonaro continua crescendo apesar da percepção de melhora dos rumos da economia e até de redução do temor em relação à pandemia. Essa é a principal conclusão da pesquisa XP/Ipespe a partir de 1 mil entrevistas realizadas dos dias 7 a 10 de junho. Segundo 50% dos entrevistados, de todas as regiões do País, a administração federal ruim ou péssima. É a nona vez consecutiva que o percentual de descontentes com a atual gestão avança. Em outubro de 2020, eram 31%. Em maio, 49%.
O aumento da insatisfação poderia ser atribuído a razões
decorrentes da pandemia, como a alta do desemprego (que é recorde), a
consequente queda na renda e a disparada da inflação, que fechou 12 meses
encerrados em maio acima de 8%. Só que a pesquisa mostra um descolamento dos
indicadores econômicos – e até o temor da pandemia – da avaliação de que o
governo é ruim. Ou péssimo. Tanto assim que, na comparação com os dados da
mesma pesquisa realizada em maio, o grupo dos que consideram que a economia
está no caminho passou de 26% para 29%. Enquanto 50% diziam estar com muito
medo do surto de coronavírus em maio, agora eles somam 45%.
Ainda que as variações de percepção de um mês para o
outro sejam pequenas, elas permitem afirmar que não é conjuntura que compromete
a avaliação do presidente, mas sim o que ele diz e faz. Um exemplo é a
insistência de Bolsonaro na realização da Copa América no Brasil, desaprovado
por 64% dos entrevistados na pesquisa – embora entre os apoiadores do
presidente, a aprovação salte para 58%.
Essa disparidade talvez seja o melhor termômetro para
compreender o Brasil hoje. Há um sentimento generalizado de que o governo toma
decisões apartadas da vontade dos brasileiros e do interesse da nação. Foi o
que ocorreu na recusa em aceitar as ofertas de vacina feitas pela Pfeizer pela
metade do preço cobrado dos EUA e Europa. Como tem demonstrado a CPI da Covid,
o ministério da Saúde gastou 15 vezes mais com o infundado “tratamento
precoce”, à base de cloroquina, do que com a compra de vacinas. Essa decisão
pode ter custado milhares de vidas. E Bolsonaro segue mentindo sobre a
quantidade de óbitos da pandemias, usando para isso dados falsos sobre
notificações.
Enquanto joga apenas para agradar seu time de cegos pelo
fanatismo, Bolsonaro vai destruindo até a confiança que os brasileiros têm nas
instituições. Como revela a pesquisa da XP/Ipespe, hoje apenas 58% dizem
confiar nas Forças Armadas, contra 70% que confiavam em dezembro de 2018, antes
da posse do capitão da reserva. Talvez a desconfiança na instituição venha
diminuindo pela percepção de que elas podem estar sendo usadas não apenas para
seus papéis constitucionais como para assegurar no poder um presidente
indesejado. O risco de que sejamos surpreendidos por um golpe é cada vez mais
sério. (IstoÉ Dinheiro)
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