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| Andréa Rêgo Barros/PCR |
Agência Senado: União reduziu em 90,5% o valor médio das transferências a estados e municípios para o combate à pandemia em 2021. No ano passado, o Poder Executivo enviou o equivalente a R$ 391,8 milhões por dia para governadores e prefeitos. Nos cinco primeiros meses deste ano, a média diária de empenhos caiu para R$ 36,9 milhões. Os dados estão atualizados até 30 de maio e disponíveis no portal Siga Brasil, mantido pela Consultoria de Orçamentos, Fiscalização e Controle do Senado (Conorf).
O corte ocorre num momento em que o número de mortes por
covid-19 dispara no Brasil. Entre março e dezembro de 2020, o país registrou
194,9 mil óbitos. De janeiro a maio de 2021, essa conta mais do que dobrou na
metade do tempo: agora são 462,7 mil brasileiros mortos. Apesar da tragédia, a
média de repasses da União para estados e municípios nem chega a um décimo do
valor transferido no ano passado.
No primeiro ano de pandemia, o Palácio do Planalto
empenhou um total de R$ 540,2 bilhões, liberados por medidas provisórias para o
enfrentamento à covid-19. Os governos locais ficaram com R$ 114,8 bilhões, o
equivalente a 21,2% do total. A maior parte do dinheiro foi repassada por meio
de um auxílio financeiro para compensar a perda de arrecadação provocada pela
pandemia em estados e municípios, um total de R$ 78,2 bilhões
Outros R$ 35,8 bilhões foram aplicados no combate à
emergência de saúde pública. Essa ação engloba medidas como compra de insumos,
equipamentos de proteção individual e testes de detecção, capacitação de
agentes de saúde e oferta de leitos de unidade de terapia intensiva. Em 2020,
governadores e prefeitos também receberam recursos para o programa Dinheiro
Direto na Escola (R$ 672,1 milhões), os serviços de assistência hospitalar e de
atenção básica em saúde (R$ 57,2 milhões) e o Sistema Nacional de Segurança
Alimentar Nutricional (R$ 6,1 milhões).
Neste ano, o cenário mudou. O total de empenhos da União
limitou-se a R$ 85,9 bilhões — contra os R$ 200,1 bilhões comprometidos entre
março e maio de 2020. Estados e municípios ficaram com R$ 5,5 bilhões, o
equivalente a 6,3%. Programas desenvolvidos no ano passado tiveram as
transferências interrompidas, e o dinheiro foi liberado para apenas duas ações
em 2021: procedimentos de alta e média complexidade (R$ 3,4 bilhões) e piso de
atenção primária à saúde (R$ 2 bilhões).
Os dados sobre transferências a estados e municípios se
referem exclusivamente às despesas executadas por meio de repasses da União
para os entes subnacionais. Gastos realizados diretamente pelo governo federal
no enfrentamento da pandemia ficam fora dessa conta, mesmo que aplicados
localmente. É o caso, por exemplo, do auxílio emergencial.
— Embora os recursos do auxílio emergencial tenham
alcançado a população de todo o país, o programa foi executado pela própria
União, valendo-se da capilaridade da Caixa Econômica Federal para efetuar os
pagamentos diretamente aos beneficiários. Dessa forma, como não houve
transferência para que estados e municípios fizessem o pagamento do benefício,
tais despesas não constam da tabela — explica Marcel Pereira, consultor da
Conorf.

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