O Circuito Cepe de Cultura volta mais uma vez ao Sertão do Pajeú, terra de poetas, repentistas, trovadores e cantadores, para realizar, na cidade de Afogados da Ingazeira, a 2ª Feira da Poesia do Pajeú. Desta quinta-feira (10) até domingo (13), a Praça Monsenhor Alfredo de Arruda Câmara se transforma em espaço de encontros e de debates sobre a diversidade cultural da região numa programação que também acolhe a Feira Interativa de Leitura e Conhecimento (Filco), já em sua 13ª edição, realizada pela Secretaria de Educação do município com proposta de apresentar trabalhos de leituras desenvolvidos pelos alunos das 30 escolas da rede.
“A poesia do Pajeú é tema dos projetos de leitura já desenvolvidos nas escolas e também é a proposta da feira, que tem uma importância significativa porque veio para agregar. Estamos muito estimulados com ela porque o objetivo de fomentar a leitura vai ganhar outra dimensão, estimulando toda a população a visitar e participar de todos os eventos previstos na programação”, destaca a secretária de Educação de Afogados da Ingazeira, Wivianne Fonseca.
Oficinas, lançamentos literários, espetáculos teatrais, cantorias e saraus integram a programação dos dois eventos que se juntam para potencializar a produção cultural singular do Sertão do Pajeú. Entre os destaques, a cantoria de viola que reunirá dois mestres da região: Anízio Queiroz e Heleno da Silveira no sábado (12), às 20h30, no palco principal da feira.
Nascido no Sítio Matinha, zona rural do município de Carnaíba, Anízio Queiroz, 76 anos, aprendeu ainda menino, trabalhando com o seu pai no roçado de milho, a arte do repente. Autodidata, poeta analfabeto de rara sensibilidade, costuma apresentar motes biográficos que versam sobre sua vida e do Pajeú. Heleno da Silveira, 73 anos, há 56 se encantou com cantoria de viola. Já viajou o país apresentando seus improvisos e há 45 anos apresenta o programa Encontro com a Poesia na Rádio Pajeú. Com o tema “Tudo isso é passageiro”, a dupla promete um espetáculo de pura criação.
A 2ª Feira da Poesia do Pajeú também abre espaço em sua programação para quem quer aprender os mistérios da literatura de cordel. Na oficina “Os três pilares do Cordel”, a cordelista Thaynnara Queiroz irá repassar para os interessados todo o processo de se fazer um cordel. “Nessa oficina eu vou tratar das três características que fazem o cordel ser o cordel e não outro tipo de poesia, como o soneto, o galope à beira-mar, a quadra, ou uma sextilha, por exemplo. Falaremos sobre rima, métrica de oração literária e também sobre como funcionam as bases do cordel”, assegura Thaynnara, que também desenvolve na região o projeto Poesia na Escola, que já ajudou a revelar muitos jovens cordelistas.
Outro ponto alto da programação será a mesa de glosas feminina que reunirá as poetisas Erivoneide Amaral, Thaynnara Queiroz, Francisca Araújo, Elenilda Amaral com mediação de Carla Driely. “Falaremos sobre a poesia do Pajeú, suas raízes, do que ela representa,, sua oralidade, a origem da nossa metrificação. Também vamos declamar trazendo as nossas principais referências”, antecipa Thaynnara Queiroz.
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