Uma iniciativa inédita promete contribuir com a quebra do ciclo de violência doméstica vivenciado nos lares de famílias que vivem no município de Flores, no Sertão de Pernambuco. Crianças ou adolescentes que presenciaram agressões físicas ou psicológicas dentro de casa serão acompanhados por uma rede de proteção.
O projeto-piloto "Rompendo o Ciclo da Violência", que tem início nesta semana, foi desenvolvido pela juíza Ana Carolina Santana, titular da Comarca de Flores há oito anos.
"Verifiquei que crianças ou adolescentes que testemunhavam a violência doméstica anos depois voltavam ao fórum para responder por atos infracionais, ou seja, há uma reiteração da violência passando por gerações. Estudos mostram que crianças que crescem nesse contexto de violência internalizam isso como algo normal. Ela não tem a compreensão de olhar aquilo como algo que não é amor e acaba reproduzindo", pontuou a magistrada, em entrevista à coluna Segurança nesta segunda-feira (27).
O município de Flores, a cerca de 394 quilômetros do Recife, tem uma população estimada em 22.612 habitantes, conforme dados mais recentes do IBGE. De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), 117 queixas de violência doméstica/familiar contra mulheres foram registradas na cidade no ano passado.
Inicialmente, o projeto-piloto vai acompanhar dez crianças ou adolescentes testemunhas de violência. O trabalho será conduzido pelo Conselho Tutelar, pelo Centro de Referência de Assistência Social (Creas) e pela assistência social.
"A partir das audiências que ocorrerem no fórum, vamos identificar se a violência doméstica ocorreu na presença dos filhos, e essas crianças e adolescentes serão acompanhados. O Conselho Tutelar, por exemplo, fará relatórios nas escolas, porque observamos que elas mudam o comportamento nas instituições de ensino. Também já recebemos denúncias a partir de relatos de crianças que contam aos professores que o pai bate na mãe", disse a magistrada. Veja matéria na íntegra aqui, na coluna Segurança de Raphael Guerra/JC PE.
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