A exatos 30 dias de os brasileiros irem às
urnas, uma parcela do eleitorado, considerada menos ligada a ideologias
partidárias e até distante do debate político, ganha peso e tem nas mãos a
chance de definir as eleições. Numa disputa nacional travada ponto a ponto, o
voto dos indecisos, também chamados de “eleitores-sabonete”, é que vai
determinar se a briga pelo poder se encerrará no primeiro turno ou será
prorrogada para o segundo turno, na avaliação de cientistas políticos. E não
vai ser fácil convencer essa turma, descrente na política e sem confiança no
discurso dos candidatos.
Aqueles que não sabem em quem votarão para presidente
somam hoje de 5% a 7% do eleitorado, de acordo, respectivamente, com as
pesquisas Ibope e Datafolha, ambas divulgadas anteontem. Se considerados os 7%
que votarão em branco ou anularão o voto, segundo os dois levantamentos, o
eleitorado sem candidato flutua entre 12% e 14% do total. Os números se
assemelham aos das pesquisas feitas no mesmo período das eleições passadas, mas
com uma diferença expressiva.
Diferentemente de 2010, a presidente Dilma Rousseff (PT),
candidata à reeleição, não conta com distância considerável dos demais
postulantes. “Quanto mais próximos os candidatos estão em termos percentuais,
mais importante é a luta pelos indecisos. Pelo que está acontecendo, a eleição
será definida por uma margem pequena de votos”, afirma o professor do
Departamento de Ciência Política da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Manoel Leonardo Santos.
Para o professor, dependendo de para onde for esse grupo,
as eleições podem ser decididas no primeiro turno. A análise da cientista
política da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) Maria do Socorro Braga
segue a mesma direção. Segundo ela, “para atrair a atenção desse público, é
preciso apostar em fatores de curto impacto. Seria, por exemplo, uma mudança
mais drástica em um ponto do programa, como o anúncio de medidas para política
econômica”, reforça.
Mas quem faz parte desse grupo que tem o poder de definir
as eleições? O coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da PUC Minas,
Robson Sávio, afirma que o indeciso é aquele eleitor sem fidelização partidária
nem adesão à ideologia partidária e tende a formar a sua opinião sempre às
vésperas do dia de comparecer às urnas.
“Normalmente, ele vota para ganhar, e não
para escolher o melhor candidato, por isso, ele tende a votar em quem está na
frente”, afirma, definindo esse perfil como “eleitor-sabonete”.
“Esse segmento também reúne pessoas que foram às ruas por
causa das manifestações (de junho de 2013) e se intitulam como anarquistas ou
não se identificam com partidos políticos”, afirma Maria do Socorro.
Por causa do peso dos indecisos na disputa
política, os partidos estão focados em conquistar esses votos e, para isso,
focam em duas estratégias principais. “Uma é apresentar o programa e se
apresentar. A outra, desconstruir a imagem dos adversários”, explica Sávio, foi o que publicou o Diário de Pernambuco.