Os candidatos Aécio Neves
(PSDB) e Dilma Rousseff (PT) voltaram a trocar agressões verbais nesta
quinta-feira (16) no segundo debate entre presidenciáveis do segundo turno,
transmitido pelo SBT e também organizado pelo portal UOL e pela rádio Jovem Pan.
O tom foi semelhante ao do debate anterior, na última terça-feira, em que ambos se atacaram mutuamente. O G1 acompanhou em tempo real (veja aqui).
No debate desta quinta, o
presidenciável tucano disse em várias passagens que Dilma 'mente' e que a
campanha dela produz ofensas contras os adversários. 'Quem mente é o senhor',
respondia a presidente, candidata à reeleição.
Quem mente é o
senhor
Em um dos momentos mais tensos
do debate, os candidatos trocaram acusações devido ao emprego de irmãos no
serviço público. Dilma questionou o fato de a irmã de Aécio, Andreia, ter
atuado no governo de Minas Gerais na época em que ele foi governador. 'Ela era
responsável pela gestão das verbas em todas as questões relativas a
propaganda', afirmou a petista, que, a exemplo do debate anterior. destacou que
o rival também empregou tia, tio e três primos no governo mineiro.
Aécio reagiu dizendo que a
irmã assumiu o serviço de voluntariado de Minas Gerais, trabalhando sem
remuneração e fez referência ao irmão de Dilma, Igor Rousseff. 'A senhora
conhece o sr. Igor Rousseff? Seu irmão foi nomeado pelo prefeito Fernando
Pimentel [do PT, que governou Belo Horizonte entre 2002 e 2009] e nunca
apareceu para trabalhar. A diferença é que a minha irmã trabalha muito e não
recebe nada. O seu irmão recebe e não trabalha', respondeu o tucano.
Troca de safanões
Os candidatos começaram a
atingir um ao outro logo na abertura do debate, quando responderam à pergunta
'Por que quer ser presidente da República?'
Aécio iniciou, dizendo que é
candidato 'para encerrar um ciclo de governo que fracassou'. Disse que a
educação e a saúde pioraram e que o Brasil é um 'cemitério de obras inacabadas'.
Dilma devolveu afirmando que é candidata de um projeto contra a 'exclusão',
referindo-se aos governos do PSDB. 'Faço parte de um projeto que construiu as
bases para um Brasil moderno, mais inclusivo, mais produtivo', declarou.
Os dois voltaram a discutir
sobre corrupção na Petrobras. Aécio Neves mencionou uma auditoria do Tribunal
de Contas da União (TCU) e apontou irregularidades de R$ 18 bilhões na
construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Dilma afirmou
que a diferença entre os dois é que ela manda investigar. 'Onde estão os
corruptos da compra de votos para a reeleição, do metrô de São Paulo, do Sivam,
da privataria tucana? Todos soltos', disse, em referência a casos que
envolveram integrantes do PSDB.
Propinas lá e cá
A petista citou denúncia de
que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, em depoimento ao Ministério
Público, teria afirmado que deu propina ao ex-presidente do PSDBSérgio Guerra – que já morreu – para esvaziar
uma Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar a Petrobras em
2009.
Na resposta, Aécio disse que,
pela primeira, vez a presidente reconheceu denúncias de Paulo Roberto Costa,
que fez acordo de delação premiada e, em troca de prisão domiciliar, passou a
colaborar com a Justiça nas investigações sobre corrupção na Petrobras. 'Se a
sra. não tem receio, por que seu partido impediu que o sr. Vacari fosse à
CPI'?, disse Aécio, referindo-se ao tesoureiro do PT, suposto beneficiário de
propinas de contratos na estatal.
Dilma declarou que Aécio tem
'dois pesos e duas medidas' e prometeu que investigará 'sem constrangimento
tudo e todos'. O tucano também defendeu a investigação de 'todos' e criticou o
que chamou de tentativa do Planalto de impedir o funcionamento da CPI da
Petrobras.
Álcool e droga
Noutro momento, Dilma
questionou o tucano sobre a importância de se realizar o teste do bafômetro.
'Eu tive um episódio em que parei numa blitz da Lei Seca com a licença vencida
e não fiz o exame. Me arrependi disso', respondeu o tucano. Para a petista, o
assunto da Lei Seca tem que ser tratado 'com mais cuidado'. 'Eu não dirijo sob
efeito de álcool ou droga', afirmou a petista. 'Seja correta, seja séria.
Mentir e insinuar ofensas como essa é indigno para uma presidente da
República', afirmou.
Aécio perguntou se a candidata
'mente tanto' porque não tem 'nada a apresentar'. Dilma afirmou que a gestão do
tucano em Minas deixou de investir R$ 7,8 bilhões na saúde e R$ 8 bilhões na
educação. 'Como o senhor acha que pode se sentar aqui e se furtar a explicar
porque teve que assinar um termo de ajustamento de gestão?', questionou a
petista. Aécio disse que Dilma desrespeita Minas e elogiou a gestão da saúde e
da educação no estado. Disse que o Tribunal de Contas aprovou as contas do
governo dele por unanimidade. Dilma afirmou que Minas não se confunde com Aécio
e que nasceu no estado antes dele. 'Eu nasci em Minas, saí de Minas não fui
para passear no Rio de Janeiro', afirmou.
Aeroporto
A exemplo do debate anterior,
Dilma voltou a indagar o rival sobre a construção de um aeroporto no município
de Claudio (MG), em uma fazenda que pertenceu ao tio do tucano. 'Uma das coisas
mais importantes do país é que não podemos tolerar uso de bens públicos para
beneficiar A, B ou C', declarou. Aécio afirmou que é 'muito triste ver uma
presidente da República mentindo' e cobrou a entrega de aeroportos prometidos
pela petista na Presidência.
Considerações
finais
Nas considerações finais, Dilma afirmou que os governos passados 'só viam as
elites', mas que a gestão dela 'olha para todos os brasileiros'. Disse que o
Brasil enfrentou a crise internacional 'de peito aberto' e prometeu saúde e
educação de qualidade e manter a 'trajetória de conquistas sociais a todos'.
O tucano afirmou que quer ser
presidente porque, segundo ele, o Brasil 'não pode viver mais quatro anos de
tanto desgoverno'. Ele disse que não quer dividir, mas ser presidente da
'integração nacional' e afirmou que não tratará 'o adversário como inimigo a
ser batido a qualquer custo' e em favor da 'verdade'.
Leia abaixo a íntegra das
considerações finais dos dois candidatos.