Após um breve descanso, o
ex-candidato, senador e presidente do PSDB, Aécio Neves, reassumiu seu posto no
comando da tropa de choque do partido contra a presidente Dilma Rousseff. Para
quem esperava, porventura, um político moderado nessa fase de transição de
equipe econômica, como têm sido os governadores tucanos Geraldo Alckmin (SP) e
Marconi Perilo (GO), aconteceu exatamente o oposto.
Irritado com duas decisões do
Senado, nesta terça-feira 25, Aécio abriu baterias, primeiro, na tribuna da
casa e, em seguida, em entrevista. O senador mineiro atacou a decisão da
comissão de Orçamento de aprovar o projeto governista que acaba com a meta de
superávit fiscal. Neste tema, ele afirmou que a presidente Dilma Rousseff 'já
está cometendo crime de responsabilidade', por ter, segundo ele, remanejado
mais de 20% das verbas orçamentárias na forma como foram aprovadas pelo
Congresso.
Moderado Aécio só foi no modo,
mas no objetivo atuou no ataque. 'Não quero falar essa palavra', respondeu ele,
a respeito de uma pergunta sobre a possibilidade de um processo de impeachment
contra Dilma. 'Mas essas é uma das sanções legais', completou.
Abaixo, a entrevista de Aécio:
- Com o sr. avalia o
momento político da presidente Dilma Rousseff?
Aécio Neves - Vejo
hoje uma presidente da República sob chantagem, da sua própria base. Estamos
vendo que a dependência dela é tão grande da base, que ela inicia um governo
como se estivesse terminando. Ela não tem liberdade para montar o seu governo.
Ela hoje monta seu governo em função da dependência absurda que ela tem no
Congresso. Isso acontece porque ela cometeu crime de responsabilidade. A lei
orçamentária é muito clara. Ela permite o remanejamento, mas Dilma já cometeu
esse crime porque a lei orçamentária permite o remanejamento de até 20% de cada
dotação, desde que se cumpra a meta fiscal. Esse remanejamento vem ocorrendo e
o governo já sabia que não cumpria a meta fiscal e vem ampliando, pedindo créditos
para gastar ainda mais. O que se quer agora e que modifique-se a meta e aí ela
não receba a sanção. Essa lei vai ser conhecida como a lei da anistia da
presidente Dilma, se for aprovada. Eles têm maioria, mas o nosso papel é
denunciar isso e em última instância ir ao Supremo Tribunal Federal, que é o
que nós vamos fazer.
Esse crime de
responsabilidade fiscal pode levar ao impeachment da presidente?
Eu não quero falar essa
palavra ainda, mas é uma das sanções. Não podemos viver num país onde a
legislação é alterada em função dos interesses do governante de plantão e de
uma eventual maioria que amanhã pode estar no outro campo. Aí altera-se
novamente a lei? O papel da oposição é lutar politicamente. O que vai
acontecer, não se iludam, é que a nota de crédito do Brasil vai ser rebaixada.
Isso significa menos empregos e menos desenvolvimento. Quem paga ao final desta
conta de um governo ineficiente, perdulário, que enganou a população brasileira
é o cidadão brasileiro, principalmente o mais pobre.
O que o sr. achou
da indicação de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda?
É uma decisão da presidente. É
um quadro qualificado, com quem tenho uma relação pessoal. Mas fico com uma
expressão usada hoje pelo ministro Armínio Fraga, que viu na indicação de
Joaquim Levy como se um grande quadro da CIA fosse convidado para comandar a
KGB. (Do portal BR 247)