Mais de 700 mudas de spondias tuberosa, popularmente
conhecida por umbu, serão entregues a agricultores e gestores do Sertão
pernambucano, nesta quinta-feira (23) e sexta-feira (24), durante evento
pedagógico e científico, em Ibimirim. A iniciativa, que ocorrerá durante um
curso de formação sobre a produção da planta e seu beneficiamento, é do
Laboratório de Mudanças do Clima do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA),
em parceria com o Departamento de Bioquímica da UFPE, entre outras
instituições, financiadas pelo CNPq, e apoio da Prefeitura Municipal.
O objetivo é criar uma floresta bioeconômica de umbu na
Serra do Giz, em Afogados da Ingazeira. A planta nativa do semiárido do
Nordeste é resistente a altas temperaturas e à escassez de água, com elevado
potencial bioeconômico, pelas propriedades nutricionais e farmacológicas, mas
ainda pouco utilizadas. O modelo já é utilizado no Sertão baiano, onde
comunidades tradicionais já potencializam os usos da planta, beneficiando e até
exportando a cerveja da fruta.
O curso, realizado no IPA e no Sertão em Ibimirim, será
ministrado pela docente da UFPE, Márcia Vanusa, e pelo gerente da Estação
Experimental do IPA em Ibimirim, Antônio Carlos de Melo. Ambos são estudiosos
no umbu e participam da Rede Nacional de Pesquisados (Ecolume). O CNPq financia
a rede para desenvolvimento científico de novas práticas (de mitigação e
adaptação) socioambientais, econômicas, educacionais e comunicacionais frente
aos efeitos e impactos da mudança do clima dentro do Bioma Caatinga.
Ao final, o Ecolume fará a entrega formal de 700 mudas
produzidas no IPA local a gestores da prefeitura de Afogados da Ingazeira. “A
cidade foi escolhida porque o prefeito José Patriota acolheu a nossa proposta e
logo sugeriu fazer nascer uma floresta de Umbu no município, na Serra do Giz,
uma Área de Proteção Ambiental e de Refúgio da Vida Silvestre. E, neste local,
ainda há comunidades tradicionais”, fala a meteorologista Francis Lacerda,
pesquisadora do IPA e coordenadora do Ecolume.
Para o prefeito José Patriota, que também
preside a Associação Municipalista de Pernambuco, várias comunidades serão
beneficiadas com a iniciativa do Ecolume. “Recebemos alegremente as mudas e
apoiamos esta inciativa por fortalecer a Caatinga e valorizar o semiárido com a
multiplicação do umbuzeiro, uma planta típica e referência histórica de nosso
bioma”, diz. O gestor destaca ainda a sua parceria com o Ecolume diante do
objetivo do grupo voltado ao desenvolvimento do agricultor com o do
ecossistema.
“O Ecolume busca em três eixos as potencialidades diante
dos efeitos do novo comportamento do clima sobre esta região já muito
semiárida: energético, hídrico e alimentar. O umbu está contido em nossos
estudos dentro da área alimentar e afins (nutricional e farmacológico). É a
nossa planta de poder”, diz Francis. O umbu será de poder efetivamente, segundo
avalia a professora Márcia, quando o Poder Público estimular bioeconomicamente
os usos medicinais e nutricionais de sua casca, folha e seu fruto, usadas
secularmente por comunidades quilombolas e indígenas na alimentação e como
remédio para cura de várias doenças. Foi o que informou o IPA.
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