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quinta-feira, 23 de maio de 2019

PE ganha floresta bioeconômica de umbu na Serra do Giz em Afogados da Ingazeira


Mais de 700 mudas de spondias tuberosa, popularmente conhecida por umbu, serão entregues a agricultores e gestores do Sertão pernambucano, nesta quinta-feira (23) e sexta-feira (24), durante evento pedagógico e científico, em Ibimirim. A iniciativa, que ocorrerá durante um curso de formação sobre a produção da planta e seu beneficiamento, é do Laboratório de Mudanças do Clima do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), em parceria com o Departamento de Bioquímica da UFPE, entre outras instituições, financiadas pelo CNPq, e apoio da Prefeitura Municipal.

O objetivo é criar uma floresta bioeconômica de umbu na Serra do Giz, em Afogados da Ingazeira. A planta nativa do semiárido do Nordeste é resistente a altas temperaturas e à escassez de água, com elevado potencial bioeconômico, pelas propriedades nutricionais e farmacológicas, mas ainda pouco utilizadas. O modelo já é utilizado no Sertão baiano, onde comunidades tradicionais já potencializam os usos da planta, beneficiando e até exportando a cerveja da fruta.

O curso, realizado no IPA e no Sertão em Ibimirim, será ministrado pela docente da UFPE, Márcia Vanusa, e pelo gerente da Estação Experimental do IPA em Ibimirim, Antônio Carlos de Melo. Ambos são estudiosos no umbu e participam da Rede Nacional de Pesquisados (Ecolume). O CNPq financia a rede para desenvolvimento científico de novas práticas (de mitigação e adaptação) socioambientais, econômicas, educacionais e comunicacionais frente aos efeitos e impactos da mudança do clima dentro do Bioma Caatinga.

Ao final, o Ecolume fará a entrega formal de 700 mudas produzidas no IPA local a gestores da prefeitura de Afogados da Ingazeira. “A cidade foi escolhida porque o prefeito José Patriota acolheu a nossa proposta e logo sugeriu fazer nascer uma floresta de Umbu no município, na Serra do Giz, uma Área de Proteção Ambiental e de Refúgio da Vida Silvestre. E, neste local, ainda há comunidades tradicionais”, fala a meteorologista Francis Lacerda, pesquisadora do IPA e coordenadora do Ecolume.

Para o prefeito José Patriota, que também preside a Associação Municipalista de Pernambuco, várias comunidades serão beneficiadas com a iniciativa do Ecolume. “Recebemos alegremente as mudas e apoiamos esta inciativa por fortalecer a Caatinga e valorizar o semiárido com a multiplicação do umbuzeiro, uma planta típica e referência histórica de nosso bioma”, diz. O gestor destaca ainda a sua parceria com o Ecolume diante do objetivo do grupo voltado ao desenvolvimento do agricultor com o do ecossistema.

“O Ecolume busca em três eixos as potencialidades diante dos efeitos do novo comportamento do clima sobre esta região já muito semiárida: energético, hídrico e alimentar. O umbu está contido em nossos estudos dentro da área alimentar e afins (nutricional e farmacológico). É a nossa planta de poder”, diz Francis. O umbu será de poder efetivamente, segundo avalia a professora Márcia, quando o Poder Público estimular bioeconomicamente os usos medicinais e nutricionais de sua casca, folha e seu fruto, usadas secularmente por comunidades quilombolas e indígenas na alimentação e como remédio para cura de várias doenças. Foi o que informou o IPA.

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