Símbolo da resistência no semiárido
nordestino, a palma – que mata fome do gado – também tem potencial
energético satisfatório aos humanos. Embora não se trate diretamente da
alimentação, pesquisadores pernambucanos estão debruçados sobre estudos que
assegurem a capacidade da palma como fonte para produção de biogás, e os
primeiros resultados são animadores.
Com o ponta-pé inicial dado pelo engenheiro agrônomo e
consultor Luiz Gondim, em parceria com um parente que mora na Alemanha,
chegou-se à conclusão – após testes realizados naquele país com raquetes de
palmas colhidas no Agreste pernambucano – que, a partir de processos
fermentativos, a matéria verde produzida pela palma pode ser transformada em um
tipo de biogás com aproximadamente 60% de metano, o que proporciona uma
capacidade calorífica para geração de eletricidade e calor, se conduzido a um
motor de cogeração. Quando tratado, segundo as pesquisas, com a retirada de
todo o conteúdo de gás carbônico, o resultado pode ser ainda mais expressivo,
chegando ao biometano (biogás purificado) com taxa de 98% de metano ou
biometano – mais importante item no caso da queima para geração energética.
“Desde 2004 estamos estudando essa possibilidade. Enchemos
uma mala do material coletado em Caruaru e testamos numa empresa alemã. Nessa
época, já havia alguns estudos em andamento no Chile que apontavam a capacidade
de 45 m³ de biogás por cada tonelada de matéria verde de palma, mas uma das
nossas amostras chegou a gerar 65 m³ de gás por tonelada de matéria verde”,
conta Gondim.
Fonte energética renovável, o biogás é fruto do processo de
decomposição de matéria orgânica utilizada para a produção de energia, a
chamada biomassa. No caso da palma forrageira, o processo utilizado para
extração se dá através da ação de micro-organismos, em um ambiente com baixa
presença de oxigênio: dentro de um biodigestor. “O biogás é armazenado em
reservatórios que são feitos geralmente com lonas plásticas grossas, os
biodigestores são de fácil aquisição e tem se barateado muito o custo do
equipamento. É uma coisa adequada a nossas condições, até porque a cultura da
palma para plantação é algo comum”, reforça o pesquisador.
Extraído, o biogás é capaz de - análogo ao gás natural -
fazer funcionar máquinas térmicas que, por sua vez, geram energia elétrica.
“Após gerado, esse biogás é queimado em turbinas a gás, gerando o processo de
combustão como ocorre hoje, normalmente”, explica a consultora de
biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Rachel Henriques.
Quanto à liberação de gás metano na atmosfera, o processo de queima do biogás
aproveita todo o metano para a geração de energia, com liberação do dióxido de
carbono (CO2), 20 vezes menos poluente.
Para que o biogás da palma seja altamente eficiente,
pesquisadores do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) e do Departamento de
Energia Nuclear (DEN) da UFPE esperam,
agora, a liberação de recursos do CNPQ para continuidade dos estudos que,
quando concluídos, podem incrementar o parque energético e a economia no
Agreste e Sertão. (Jc Online)
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