O
soldado Anderson Figueiredo, 30 anos de vida, dois deles como bombeiro, teve o
maior desafio de sua vida, anteontem. Acreditava estar diante de um afogamento.
Era ataque de tubarão. Sem titubear, pulou no mar e resgatou Bruna Gobbi, 18
anos, num gesto de heroísmo que virou lamento, após a morte da turista. “Queria
que ela estivesse viva.”
JC –
Como você viu que Bruna Gobbi e a prima corriam risco?
ANDERSON FIGUEIREDO – Eu estava como auxiliar de embarcação no jet ski com o
soldado Márcio Siqueira, no posto 8. Enquanto isso, dois guarda-vidas do posto
10 solicitaram apoio. Fomos muito rápido até lá e avistamos as duas. Bruna
estava mais próxima à faixa de areia e a prima dela mais afastada. A princípio,
achávamos que era uma ocorrência de afogamento e a primeira coisa a fazer seria
socorrer a prima, que estava mais no fundo. Quando nos aproximamos, vi a mancha
de sangue. Mudamos a rota na hora e fomos até Bruna.
JC – Como foi sua decisão em pular, mesmo sabendo que havia um tubarão ali?
FIGUEIREDO – Eu pulei no instinto. Se não tivesse pulado, ela teria se afogado,
porque entrou em choque na hora. Não me preocupei com o perigo, e sim em
estabilizá-la. Siqueira fez o retorno, pegou a prima e veio me pegar. Bruna foi
colocada numa prancha de salvamento.
JC – Você sentiu medo?
FIGUEIREDO – Não dá tempo. É muita adrenalina. É como se a gente esquecesse
tudo. A gente sabe que o risco é grande, mas a adrenalina é maior ainda. A
gente não pensa em nada, só em salvar a outra pessoa. Depois de tudo, quando
passou o calor, pensei no risco que corremos, principalmente eu, por ter
pulado. Mas é meu trabalho. Sou treinado para isso.
JC –
Como classifica a atuação dos bombeiros?
FIGUEIREDO – Não quero puxar sardinha, mas nosso atendimento foi fundamental.
Se a gente não tivesse ido logo, Bruna teria se afogado e o tubarão poderia ter
atacado a prima dela também. O barulho do jet ski ajudou a assustar o animal.
JC – Como avalia o socorro prestado após tirar Bruna do mar?
FIGUEIREDO – Quando a gente está ali, nossa intenção é fazer o melhor, é dar
100% para salvar quem está em perigo. Muitas vezes as pessoas não entendem
isso. A gente dá a vida ali. Nosso juramento fala de colocar a própria vida em
risco e eu senti isso na pele. O atendimento foi muito rápido. Ela foi levada
primeiro para a UPA porque já estava desfalecida, sem responder a nenhum
estímulo. O caso era gravíssimo. Ela não estava mais perdendo sangue, porque
todo o sangue ela perdeu no mar. A UPA serviu para amenizar a situação e ela
poder ir para o Hospital da Restauração. Eu estava a segurando e posso dizer
que, se ela fosse direto para o HR, sequer aguentaria chegar lá.
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