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domingo, 14 de junho de 2015

Soltos pela estrada: pernambucanos percorrem de moto seis países latino-americanos

Sonho realizado por cinco pernambucanos pode ser medido: catorze mil quilômetros, um mês de viagem e muitas histórias para relembrar / Foto: acervo pessoal

Do Atlântico ao Pacífico, passando pela selva amazônica, a Cordilheira dos Andes, deserto, geleira, cerrado, sertão. O sonho de cinco aventureiros pernambucanos levou mais de 20 anos para virar realidade e quase dois de preparativos. Malucos? Ousados? Sonhadores? Saiba mais sobre a viagem que os membros do Motoclube Conterrâneos do Asfalto acabam de concretizar.

O clube existe desde 2011 e tem quase 20 membros. Todo início de mês, se reúnem no bar Galinha de Cabidela, em Gravatá, e postam suas aventuras noblog mcconterraneosdoasfalto.blogspot.com.br. Entre homens e mulheres, a maioria dos sócios já passou dos quarenta e muitos esperaram os filhos crescerem para poder viajar. 

Este foi o caso dos motociclistas que percorreram a Rota dos Andes. Entre os autores da proeza, as idades vão do farmacêutico Hélio Freitas, de 60 anos, ao caçula Rodolfo Lopes, empresário de 41. Junto com o médico Lauro Calábria, de 55, e os bancários Marcos Tadeu Souza e Helenildo Freire, ambos com 51 anos, eles rodaram até 850km por dia, durante mais de um mês de viagem.

“Se a gente parar pra pensar, vai ver que fez uma loucura”, admite Marcos, sorrindo. Eles puseram de lado riscos como assaltos, doenças, acidentes. Os pneus novinhos voltaram quase carecas, e só com combustível, cada um gastou mais de 2800 reais. “Lá fora, a gente fazia até 30km com um litro de gasolina mais barata e pura, de alta octanagem. É triste a qualidade da gasolina brasileira”, aponta Helenildo. Ele também se surpreendeu positivamente com as estradas no exterior. “Os piores trechos, definitivamente, ficam no Brasil”, lamenta.

PREPARATIVOS

Antes de viajar, Lauro e Rodolfo, precavidos, fizeram nove meses de musculação para aguentar o tranco. Marcos não fez, e diz que não sentiu falta. Hélio, debochado, entrega: “toda noite, rolava uma cachacinha antes de dormir e de manhã cedo, eu já estava novo. Apesar da idade, não tive nem dor de coluna”. O fato é que foi preciso muita disciplina para cinco homens conviver todo esse tempo juntos. E, também, para preparar a bagagem adequada ao passeio, já que enfrentaram todo tipo de clima mas não podiam carregar excesso de peso. A vaidade foi posta de lado: a maioria levou duas cuecas, duas camisas e os equipamentos de proteção específicos para motociclismo, como segunda pele, luvas, balaclavas e calças específicas. “Ia lavando pelo caminho”, relata Marcos. No fim da viagem, a saudade da família bateu em Rodolfo, que não resistiu aos artesanatos do Peru e aos equipamentos eletrônicos do Paraguai. “A moto dele dobrou de peso”, entregam os amigos.

NA ESTRADA

“Fomos abençoados com pouquíssimos problemas”, conta Lauro, aliviado. Embora tenham se perdido em Goiás, por culpa da imprecisão do GPS e da falta de sinalização na estrada, eles cumpriram a agenda estabelecida ainda no Recife e tomaram o cuidado de parar a cada 200km, para esticar as pernas, comer e abastecer os veículos. 

Novatos nesse tipo de empreitada, e sem auxílio de nenhuma agência de viagem, eles reservaram com antecedência todos os hotéis e pousadas que utilizaram no percurso. “Acho que eu só mudaria isso, na próxima vez. Dá para viajar mais solto”, considera Hélio. Ao longo do caminho, os pernambucanos se sensibilizaram com a solidariedade constante das pessoas, em especial dos outros motociclistas, tanto no Brasil, como no exterior. “Minha moto quebrou em Barra do Garças, no Mato Grosso, e todos se mobilizaram para achar uma oficina elétrica que resolvesse o problema com rapidez”, relembra Marcos. No Peru, graças à ajuda de outros viajantes, recuperaram os documentos que haviam ficado esquecidos no hotel, em Cuzco.

O REGRESSO

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