Do Atlântico ao
Pacífico, passando pela selva amazônica, a Cordilheira dos Andes, deserto,
geleira, cerrado, sertão. O sonho de cinco aventureiros pernambucanos levou
mais de 20 anos para virar realidade e quase dois de preparativos. Malucos?
Ousados? Sonhadores? Saiba mais sobre a viagem que os membros do Motoclube
Conterrâneos do Asfalto acabam de concretizar.
O clube existe desde
2011 e tem quase 20 membros. Todo início de mês, se reúnem no bar Galinha de
Cabidela, em Gravatá, e postam suas aventuras noblog
mcconterraneosdoasfalto.blogspot.com.br. Entre homens e mulheres, a maioria dos
sócios já passou dos quarenta e muitos esperaram os filhos crescerem para poder
viajar.
Este foi o caso dos
motociclistas que percorreram a Rota dos Andes. Entre os autores da proeza, as
idades vão do farmacêutico Hélio Freitas, de 60 anos, ao caçula Rodolfo Lopes,
empresário de 41. Junto com o médico Lauro Calábria, de 55, e os bancários
Marcos Tadeu Souza e Helenildo Freire, ambos com 51 anos, eles rodaram até
850km por dia, durante mais de um mês de viagem.
“Se a gente parar pra
pensar, vai ver que fez uma loucura”, admite Marcos, sorrindo. Eles puseram de
lado riscos como assaltos, doenças, acidentes. Os pneus novinhos voltaram quase
carecas, e só com combustível, cada um gastou mais de 2800 reais. “Lá fora, a
gente fazia até 30km com um litro de gasolina mais barata e pura, de alta
octanagem. É triste a qualidade da gasolina brasileira”, aponta Helenildo. Ele
também se surpreendeu positivamente com as estradas no exterior. “Os piores
trechos, definitivamente, ficam no Brasil”, lamenta.
PREPARATIVOS
Antes de viajar, Lauro e
Rodolfo, precavidos, fizeram nove meses de musculação para aguentar o tranco.
Marcos não fez, e diz que não sentiu falta. Hélio, debochado, entrega: “toda
noite, rolava uma cachacinha antes de dormir e de manhã cedo, eu já estava
novo. Apesar da idade, não tive nem dor de coluna”. O fato é que foi preciso
muita disciplina para cinco homens conviver todo esse tempo juntos. E, também,
para preparar a bagagem adequada ao passeio, já que enfrentaram todo tipo de
clima mas não podiam carregar excesso de peso. A vaidade foi posta de lado: a
maioria levou duas cuecas, duas camisas e os equipamentos de proteção
específicos para motociclismo, como segunda pele, luvas, balaclavas e calças
específicas. “Ia lavando pelo caminho”, relata Marcos. No fim da viagem, a
saudade da família bateu em Rodolfo, que não resistiu aos artesanatos do Peru e
aos equipamentos eletrônicos do Paraguai. “A moto dele dobrou de peso”, entregam
os amigos.
NA ESTRADA
“Fomos abençoados com
pouquíssimos problemas”, conta Lauro, aliviado. Embora tenham se perdido em
Goiás, por culpa da imprecisão do GPS e da falta de sinalização na estrada,
eles cumpriram a agenda estabelecida ainda no Recife e tomaram o cuidado de
parar a cada 200km, para esticar as pernas, comer e abastecer os
veículos.
Novatos nesse tipo de
empreitada, e sem auxílio de nenhuma agência de viagem, eles reservaram com
antecedência todos os hotéis e pousadas que utilizaram no percurso. “Acho que
eu só mudaria isso, na próxima vez. Dá para viajar mais solto”, considera
Hélio. Ao longo do caminho, os pernambucanos se sensibilizaram com a
solidariedade constante das pessoas, em especial dos outros motociclistas,
tanto no Brasil, como no exterior. “Minha moto quebrou em Barra do Garças, no
Mato Grosso, e todos se mobilizaram para achar uma oficina elétrica que
resolvesse o problema com rapidez”, relembra Marcos. No Peru, graças à ajuda de
outros viajantes, recuperaram os documentos que haviam ficado esquecidos no
hotel, em Cuzco.
O REGRESSO
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