O Ministério da Saúde deu na segunda-feira, 5, o primeiro
passo para a decretação de emergência em saúde pública por sarampo. Diante do
avanço de registros em São Paulo e da notificação de casos em outros 7 Estados
do País, o Ministério da Saúde colocou ontem em operação o Comitê Operativo de
Emergência em Saúde (COE). O grupo, com representantes de vigilância,
vacinação, atendimento hospitalar, atenção básica e assistência farmacêutica, é
encarregado de fazer um acompanhamento diário da evolução da epidemia. Antes
dessa medida, o monitoramento da pasta era semanal.
Até a semana passada, haviam sido confirmados no País 646
casos de sarampo, em 8 Estados. A maior preocupação está em São Paulo, que
concentra registros. Mas há também a constatação de que infecções se espalham
por regiões turísticas, como Parati, no Rio, que já confirmou dez casos, e a
cidade baiana de Porto Seguro, que notificou um caso suspeito.
A reportagem apurou que, com o COE, aumenta o alerta e se
reduz a distância para que o País decrete estado de emergência. A instalação do
grupo ocorre quatro meses depois de o Brasil perder o certificado de país livre
do sarampo, dado em 2016.
Causas
Dois fatores exerceram grande influência: o fato de o
sarampo ser altamente contagioso e os níveis de cobertura vacinal se reduzirem.
Os números da epidemia mostram que a maior parte dos casos confirmados está na
população entre 1 e 5 anos e também entre jovens, que, se vacinados, estariam
protegidos contra a doença.
Ao jornal O Estado de S. Paulo, o secretário de Vigilância
do Ministério da Saúde, Wanderson Kleber de Oliveira, descartou a possibilidade
da decretação imediata de emergência em saúde pública. "A avaliação de risco
é feita diariamente, mas desde janeiro temos intensificado as ações contra o
sarampo", disse. Rejane Calixto, coordenadora em Saúde de São Paulo,
também afirmou não haver uma decisão tomada. Ela veio a Brasília para uma
reunião com o Ministério da Saúde.
Kleber de Oliveira afirmou que um dos pontos desfavoráveis
para a decretação de emergência seria a corrida aos postos. "Isso poderia
drenar a capacidade de trabalho e de recursos, com o desperdício de
imunizantes." A decretação de emergência em saúde pública obedece a uma
série de quesitos, como o risco de disseminação nacional, a gravidade elevada
da doença, a reintrodução de doença erradicada e agentes infecciosos
inesperados. Por Estadão Conteúdo.
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