O desmatamento cresceu cerca de 96% em setembro na
Amazônia, segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). O
aumento é referente ao mesmo mês em 2018 e foi registrado pelo Deter, sistema
que dispara alertas de desmate para embasar ações do Ibama.
Desde junho, a devastação na Amazônia tem apresentado
crescimento em relação à série histórica do Inpe. Os meses de julho, agosto e
setembro do primeiro ano do governo Jair Bolsonaro tiveram as maiores taxas de
desmate desde o início dos registros do Deter, em 2015.
Junho teve aumento de 90% no desmate. Em julho, foram 278%
de crescimento. Em agosto o salto foi de 222%, em relação ao mesmo período do
ano anterior.
No mês de setembro foram devastados 1.447 km² de floresta
amazônica. O Deter (Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real) não tem
a função de medir precisamente a área desmatada, o que é feito pelo Prodes,
divulgado anualmente apontando o desmate entre agosto de um ano e julho do
seguinte. Mesmo assim, o Deter pode ser usado para apontar a tendência geral de
aumento ou redução da destruição na floresta.
A explosão no desmatamento acabou levando, entre julho e
agosto, a ataques sem provas do governo Bolsonaro aos dados de desmate
produzidos pelo Inpe. O presidente chegou a afirmar que o então diretor do
instituto, Ricardo Galvão, poderia estar a "serviço de alguma ONG".
As informações de devastação também foram contestadas, sem apresentação de
justificativa, pelos ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente), Marcos Pontes
(Ciência e Tecnologia) e pelo general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança
Institucional).
Galvão se defendeu do ataque e também fez a defesa dos
dados do Inpe. O então diretor acabou exonerado pelo ministro Pontes no dia 2
de agosto.
A destruição crescente gerou alerta nos países que investem
em desenvolvimento sustentável no Brasil, como a Noruega e Alemanha –através do
bilionário Fundo Amazônia, que está bloqueado após Bolsonaro ter extinto os
conselhos que geriam o fundo. Ambas as nações paralisaram recursos enviados.
Em meio ao desmate, cresceram também as queimadas, o que
atraiu ainda mais atenção internacional ao Brasil e gerou uma crise da imagem
ambiental do governo Bolsonaro.
As crises sobrepostas levaram a manifestações de
preocupação da chanceler alemã Angela Merkel e do presidente francês Emmanuel
Macron. Por: AFP - Agence France-Presse
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