Amanda Rainheri/JC Online
Até o último domingo (23), 41 casos de pessoas que alegam
terem sido furadas por agulhas durante o Carnaval em Olinda, no Recife e no
município de Orobó, no Agreste pernambucano, foram notificados. A informação é
do novo boletim emitido pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). Das vítimas, a
maior parte (25) são mulheres.
Dos pacientes que realizaram triagem no Hospital Correia
Picanço, referência estadual em doenças infecto-contagiosas, 33 realizaram a profilaxia pós-exposição (PeP)
para prevenir a infecção pelo HIV e outras infecções. Os demais, de acordo com
a SES, ou se recusaram a fazer o teste rápido (pré-requisito para o uso da
medicação), e, consequentemente, o tratamento, ou já tinham passado da janela
de 72 horas preconizadas para início do tratamento. Todos foram liberados após
avaliação médica, com a orientação de retorno após 30 dias para conclusão do
tratamento.
Os pacientes também foram orientados a realizarem o
monitoramento permanente de possíveis infecções no próprio Hospital Correia
Picanço, ou nos Serviços de Atenção Especializada (SAE) dos municípios de São
Lourenço da Mata (Hospital e Maternidade Petronila Campos); Caruaru (UPA
Vassoral), Pesqueira (Hospital Dr. Lídio Paraíba) e Serra Talhada (Hospital
Professor Agamenon Magalhães - Hospam). Além disso, as vítimas foram orientadas
a procurar as autoridades policiais para registrar Boletim de Ocorrência.
O número de pessoas afetadas, no entanto, deve ser maior do
que o divulgado até o momento. A reportagem esteve no Correia Picanço na manhã
desta segunda-feira (24) e encontrou cinco novos pacientes com relatos
semelhantes. A maioria foi vítima de agulhada em Olinda, no Grande Recife.
É o caso de uma servidora pública de Roraima, de 30 anos,
que preferiu não se identificar. "Não sei dizer onde eu estava, porque não
conheço a cidade, mas aconteceu em um momento de aglomeração de pessoas. Senti
uma picada e, em seguida, uma ardência. Não saiu sangue. Quando vi a
reportagem, resolvi vir até o hospital", conta a turista, que passava o
seu segundo Carnaval em Pernambuco. "Para mim, acabou. Vou ficar dentro do
quarto. Não tenho coragem de sair", desabafa ela, que ainda reclamou da
inexistência de um ponto de apoio em Olinda, já que parte dos casos acontecem
no município.
Ano passado, ainda de acordo com a SES, cerca de 300
pessoas deram entrada no Hospital Correia Picanço alegando terem sido furadas
por seringas durante os festejos de Momo. Não houve casos positivos
relacionados a este evento, afirma a secretaria.
SEGURANÇA
Em nota, a Polícia Civil de Pernambuco informou que recebeu
25 denúncias de pessoas que relataram terem sido picadas ou sentido alguma
pontada causada por objeto perfurocortante. Dez denúncias ocorreram no sábado
(22) e 15 foram feitas no domingo (23). "A PCPE instaurou inquérito e está
apurando os fatos", diz a nota, que também afirma não existir motivo para
pânico.
"No ano passado, de todos os casos relatados ao
Hospital Correia Picanço, apenas duas pessoas se prontificaram a prestar
depoimentos à Polícia. Retratos falados foram feitos, diligências, análise de
imagens, mas os inquéritos não identificaram suspeitos devido à ausência de
elementos, assim como uma possível motivação para essas ações", diz o
comunicado.
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