Larissa Linder da Deutsche Welle
Combinação de instabilidade política com catástrofe
sanitária ameaça ser explosiva para uma economia já cambaleante. Números e
projeções apontam que esta não será apenas uma recessão, mas a maior que o país
já viveu. O clima de "agora vai" em relação à economia brasileira que
se viu no começo do ano, especialmente por parte do mercado, se esvaiu no ritmo
da subida da curva de mortos pela covid-19. Se antes da pandemia já havia quem
olhasse cético para a recuperação da economia do país, que em 2019 avançou
1,1%, agora já não há dúvidas de que o Brasil vai afundar em 2020 e,
possivelmente, também em 2021.
Esta não será, no entanto, só mais uma crise. Para
economistas entrevistados pela DW Brasil, pode ser a pior que o país já viveu.
Isso porque ela surge em um momento no qual tentava-se retomar o crescimento,
ou seja, com uma economia ainda cambaleante e meio à instabilidade política.
Além disso, não será possível contar com o setor externo, também severamente
afetado pela pandemia.
A soma da perspectiva econômica ruim e da instabilidade
política fez a consultoria Gavekal Research comparar o Brasil a um prédio em
chamas no seu relatório para investidores da última semana. "Neste
momento, é melhor deixar o Brasil para os especialistas, malucos, oportunistas
de longo prazo e aqueles sem outras opções", diz o texto assinado pelo
economista Armando Castelar.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima uma queda do
Produto Interno Bruto (PIB) de 5,3%, enquanto a mais recente previsão do
governo é de recuo de 4,7%. Quaisquer desses números já representam a pior
retração desde 1901, quando começou o levantamento mais confiável do indicador.
Até hoje, o maior declínio foi de 4,35%, em 1990.
"Com base nos nossos indicadores de confiança,
sentimento e ciclo, esta realmente está sendo uma crise atípica e mais intensa
que qualquer outra que tenhamos observado", afirma a economista do
Ibre-FGV Viviane Seda.
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