Enquanto o Brasil aguarda a tão sonhada vacina contra a
Covid-19, associações representativas de municípios tentam dar mais celeridade
ao processo. Na terça-feira (22), a Frente Nacional de Prefeitos (FNP), que
abrange cidades com mais de 80 mil habitantes, e o Instituto Butantan firmaram
um Protocolo de Intenções para facilitar a negociação de um acordo definitivo
para a compra da vacina contra a doença.
O acordo veio logo após a entidade municipalista cobrar
um posicionamento do governo federal em relação a um plano de imunizações
contra o novo coronavírus. Na última quarta-feira (16), o governo anunciou
o Plano
Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a covid-19, que
promete distribuir insumos e doses de vacina aos estados para que, a partir
daí, os municípios sejam responsáveis pela imunização dos
habitantes.
A iniciativa da FNP deve beneficiar todas as capitais
brasileiras e outras 386 cidades com mais de 80 mil habitantes. Isso representa
61% dos habitantes e 75% do Produto Interno Bruto (PIB) do País. A Frente
reforça que o acordo é uma alternativa ao Plano Nacional e que o objetivo não é
competir com o programa anunciado pelo Ministério da Saúde, mas garantir à
população que a vacina chegue o quanto antes.
“A ideia é que a vacina possa ser adquirida para todo o
povo brasileiro. Claro, respeitando as etapas que já foram anunciadas, que são
as pessoas que têm mais necessidade nesse momento, como idosos e profissionais
de saúde”, adianta o presidente da FNP, Jonas Donizette, que também prefeito de
Campinas (SP).
Enquanto prefeito, Donizette indica que a maior
preocupação é com quem esteve na linha de frente desde o início da pandemia.
“Além dos idosos, os profissionais de saúde me preocupam muito, porque eles
estão muito desgastados. Se esse foi ano difícil para todos, imagine para quem
trabalha na ponta, nos hospitais, cuidando de quem fica doente?”.
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, revelou que
serão ofertados quatro milhões de doses para esse grupo prioritário. “O nosso
compromisso é com a vida das pessoas, sobretudo das mais vitimadas. E aí não há
dúvida de que os profissionais de saúde estão na frente de batalha dessa
pandemia e precisam ser vacinados o mais rapidamente possível”, garantiu.
A previsão de fornecimento da vacina é para janeiro de 2021, segundo documento assinado pela FNP e Butantan. As duas instituições consideram que a vacina está em estágio avançado de desenvolvimento e os ensaios clínicos realizados pelo Instituto, no Brasil, mostram “resultados promissores”. Além disso, o texto menciona ainda “a intenção primeira é efetivamente prestigiar o Programa Nacional de Imunização e o próprio SUS” e que “a posse de uma vacina não só permitirá melhorar substancialmente os cuidados de vida e saúde dos habitantes do País, mas também possibilitará o pleno restabelecimento das atividades econômicas e sociais.”
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